PEDRO DE CALASANS, O primeiro escritor sergipano a ultrapassar os limites do Brasil

(Pedro de Calasans, poeta brasileiro)

 

Por: Allan de Oliveira.

contatoallandeoliveira@gmail.com

 

Pedro Luziense de Calasans Bittencourt nasceu num engenho de Santa Luzia em 28 de dezembro de 1836, sendo filho do tenente-coronel José de Calasans e de Dona Carolina Amélia de Calasans. Estudou no Liceu de São Cristóvão, indo à Recife no ano de 1853 para concluir o curso preparatório. Posteriormente, estudou o Curso de Direito na Faculdade de Direito do Recife ao lado de Tobias Barreto e de Castro Alves, sendo o primeiro autor sergipano a estudar no Recife. Foi promotor no município de Estância, deputado no Rio de Janeiro, juiz municipal e deputado no Rio Grande do Sul, além de ter participação jornalística no Recife, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. Fez viagens à Alemanha e Bélgica, onde publicou alguns livros, ultrapassando os limites de Sergipe e do Brasil. Ao contrair tuberculose, Pedro de Calasans fora à procura de um clima que ajudasse na cura para sua doença em várias partes do país. Mas, infelizmente, houve um naufrágio em que a tripulação conseguiu se salvar e, somente, ele morrera naufragado no dia 24 de fevereiro de 1874.

Pedro de Calasans escreveu livros de poesias, peças de teatro, crítica literária, e Direito. É considerado poeta ultrarromântico e condoreiro. Além de ser um dos criadores do Condoreirismo.

 

Assista a um vídeo abaixo sobre Pedro de Calasans: 



 Bibliografia do autor:

 

Poesia:

 

* Páginas Soltas. Recife, 1855.

 

* Últimas Páginas. Niterói, 1858.

 

* Ofenísia. Bruxelas, 1864.

 

* Wiesbade. Leipzing, 1864.

 

* Camerino. Bahia, 1875.

 

* A Cascata de Paulafonso. Bahia.

 

* Ecos da Juventude. 4 vols. s/ data.

   

* A Rapinada.

 

Teatro:

 

* Uma cena de nossos dias. Leipzing, 1864.

  

Crítica Literária:

 

* Esboço crítico-literário.

 

* Gonçalves Dias. 1856.

 

* Álvares de Azevedo (A Lira dos 20 anos). 1856.

 

* Laurindo Rabelo. 1856.

 

* A. P. Maciel Monteiro. 1856.

 

* Gonçalves de Magalhães (Suspiros Poéticos e Saudades). 1856.

 

* Caetano Alves de Souza Filgueiras (Arremedos de Poesia). 1856.

 

* J. D. R. da Cunha (Cantos e Prantos). 1856.

 

* Otaviano Rosa. 1857.

 

À MORTE DE UMA VIRGEM

 

Qu’eras do céu, não da terra

Bem me o disse o coração.

(F. MOITINHO)

 

Eco, que outrora repetiste o canto,

Que em meigos sonhos de sutil paixão,

Lábios dourados de celeste encanto

Soltavam rindo nesse rir de então.

 

Brisas da tarde, que as gentis madeixas

Lhe bafejastes na estação do amor,

Vinde comigo soluçar mil queixas,

Chorar comigo de amargura e dor.

 

Choremos todos que a inocente virgem

Num sono de anjo para o céu subiu,

Ela era um anjo, foi de Deus origem,

Brilhante estrela que dos céus caiu.

 

Ela era um anjo, como um anjo expira,

Vai ser a pérola, resplendor de Deus,

Era um acento da afinada lira

Ouvida ao longe modular nos céus.

 

Como a açucena que no val desponta,

Que a brisa leva num soprar de amor,

A linda virgem para os céus remonta

Sorrindo meiga como rir-se a flor.

 

E o bardo triste, que a adorou no mundo,

Entregue às mágoas de uma dor sem fim,

Vive isolado num gemer profundo,

Carpindo a ausência, soluçando assim.

 

MINHA ESPERANÇA

 

Minha esperança, perdida!

Ai! Pobre de mim que sou!

(B. SAMPAIO)

 

Minha esperança querida

Para o futuro entretida,

Que mão cruel te apagou?

Foi a da pérfida, impura,

Que outrora (cruel, perjura!)

Em seus braços te afagou?

 

Amor, meus sonhos, delírios,

Tudo trocado em martírios!...

É triste o viver assim!

Meu sonho de amor perdido,

Meu futuro enegrecido,

Minha esperança!... Ai de mim!

 

Meu amor tão malfadado,

Pobre amor ludibriado,

Quem tão cedo te esfolhou?

Minha esperança fagueira,

Ai de ti! Quem te murchou?

 

Quem dissera que um sorrizo,

Que me dava o paraíso

Num sonho vago do amor,

Fora capaz de iludir-me

Mesmo inconsciente a sorrir-me,

Bem como um ósc’lo traidor!

 

Qu’é do tempo tão ditoso,

Tão belo, tão venturoso

Que a existência me dourou?

Qu’é do sorrir da bonança,

Qu’é do sonho de esperança

Que a minha vida embalou?

 

Tudo é murcho e desfolhado

Como a florinha do prado

Que o vento lançou no chão!

Derrocam-se os castelos,

Desfeitos jazem – tão belos!

Meus sonhos do coração!

 

 

REFERÊNCIA: 

LIMA, Jackson da Silva. História da Literatura Sergipana. Vol. II. Fase Romântica. Aracaju, Fundesc, 1986. 


2 Comentários

  1. Esta foto é mesmo do Pedro de Calasans? Em pesquisa na internet, pode-se encontrar uma outra fotografia, de um homem bem diferente - e certamente mais bem apessoado...

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    Respostas
    1. Essa foto se encontra na obra Literatura Sergipana - Vol. II de Jackson da Silva Lima. Então não há como ter dúvida se se trata de Pedro de Calasans ou não.
      Bom.

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