Por: Allan de Oliveira.
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Uma pequena introdução
O livro Amaba
Vol. 1 – o esquecido cÃrculo de cultura de Aracaju dos anos 1980, do
Professor Zezito de Oliveira faz um breve relato sobre a formação do Bairro
América (Aracaju/SE), focando, principalmente, na AMABA, a Associação dos
Moradores e Amigos do Bairro América, contando a respeito dos primeiros anos de existência dessa
associação desde o inÃcio ocorrido em 1983 até o ano 1990.
No livro há depoimentos de pessoas, matérias de jornais impressos, fotos históricas, e grandes referências bibliográficas.
Nos próximos
tópicos o leitor conhecerá um pouco sobre a história da formação do Bairro
América, a criação da AMABA, e mobilizações feitas por essa associação.
A formação do Bairro América
Em relação Ã
formação do Bairro América este ocorreu através de um judeu de origem russa
chamado José Zuckerman que chegou à América do Sul a fim de encontrar, paz,
tranquilidade, e prosperidade. Mas, ao chegar ao continente sul-americano ele
foi discriminado e perseguido, resolvendo se transferir para o Brasil porque na
época havia mais tolerância.
José Zuckerman
(morou), primeiramente,
no Rio de Janeiro para depois se mudar definitivamente para Aracaju/SE ao ter
adquirido uma propriedade rural no oeste dessa região da qual ele a batizou de
“América”.
Após a
construção do PresÃdio nos arredores ocorrida em 1926, passaram a surgir casas
de taipa, construÃdas por pessoas com baixo poder aquisitivo para elas
permanecerem próximas aos familiares que estavam presos. Essa ocupação passa a
aumentar a partir da década de 1940.
“Só em 1944 é que formalmente um projeto de loteamento foi
aprovado na prefeitura. O proprietário, Sr. José Zuckerman, doou, em 1946, para
a Prefeitura Municipal de Aracaju, faixas de terra para que pudessem ser feitas
as aberturas de ruas, facilitando assim o processo de loteamento e de venda da
sua propriedade como um todo. Este loteamento era dividido em 1610 lotes, e a
partir desta doação, em 1947, através do Decreto Municipal n° 133 de
05/02/1947, foi criado o bairro”. (OLIVEIRA, p. 18)
A partir da década de 1950, a migração se intensifica no
local e ela se expande, surgindo também em outras regiões de Aracaju bairros
como Palestina, Cidade Nova, e muitos outros.
Na década de
1960, a prefeitura de Aracaju expande o local, época da chegada dos frades
capuchinhos em 1961, que fundam a Igreja São Judas Tadeu (a famosa Igreja dos
Capuchinhos) e uma escola. E em 1967, é inaugurada a Fábrica de Cimento
Votorantim que gerou grande impacto positivo inicialmente, e depois negativo junto à população.
Criação da AMABA
A AMABA,
Associação de Moradores e Amigos do Bairro América, foi criada em 1983, sendo
uma ideia de Francisco Alves e Zezito de Oliveira, mas nela também houve a
atuação de muitas outras pessoas.
As
atividades da AMABA se iniciaram focando no fechamento da Fábrica de Cimento Votorantim
por essa ter gerado danos à sociedade do Bairro América como nas adjacências. O
pó do cimento saÃdo da grande chaminé da fábrica cobria telhados, quintais,
matagais, criando, assim, um ambiente insalubre para a população, gerando
doenças, morte de várias
pessoas, principalmente, crianças e idosos, bem como a morte de animais
e vegetais. Com isso, a Associação dos Moradores e Amigos do Bairro América
conseguiu o fechamento dessa fábrica, inclusive, barrando a reabertura que
ocorreria em 1987.
Além dessa
vitória, a AMABA lutou pela pavimentação de ruas no Bairro América, melhoria do transporte
coletivo, luta pelas pessoas sem teto, distribuição de alimentos às pessoas de
baixa renda, enviando delegações para participarem de congressos realizados em
outros Estados do Brasil, além de ter realizado muitas outras reinvindicações.
As
mobilizações e reivindicações ocorriam por meio de reuniões, protestos, bem
como denúncias por meio de rádio, jornais impressos e televisivos.
Mas, além
dessas reinvindicações a AMABA também desenvolveu muitas atividades culturais
tais como: festejos juninos (grandes referências em Aracaju), a Semana de Arte
do Bairro América, exibição de filmes, oficinas de artesanato, capoeira, dança,
grupos teatrais que exibiam peças satÃricas, no intuito, de conscientizar a
população, bem como muitas outras atividades culturais voltadas para a
periferia, atitude inédita em Aracaju/SE.
Conclusão
O autor do
livro comenta sobre suas influências de pensamento adquiridas quando ele morou
no Rio de Janeiro, na década de 1970, ao ter contato com jornais da época, arte
engajada, e grupo de jovens da
igreja católica progressista.
Além disso,
Zezito de Oliveira criou pontes correlacionando fatos da história do Brasil do
perÃodo da Ditadura Militar no Brasil até o inÃcio dos anos 1990, citando a
repressão, as mobilizações do movimento estudantil, mobilizações de partidos
polÃticos progressistas e outras associações de moradores.
Na obra há
também fotos históricas sobre a AMABA e trechos de músicas da MPB que serviram para aberturas
de consciências. E o livro Amaba Vol. 1 – o esquecido cÃrculo de
cultura de Aracaju dos anos 1980 foi escrito por meio de referências biográficas
como livros, jornais, entrevistas, acabando por se tornar um importante
documente histórico que faz parte da história de Aracaju/SE.
Mas, esse é
o 1º volume de uma coleção com 3 livros cujos próximos ainda estão em fase de
desenvolvimento.
Para
adquirir a respectiva obra entre em contato com o autor por meio deste E-mail: zezitodeoliveira@gmail.com
REFERÊNCIA:
OLIVEIRA, Zezito de. AMABA: O esquecido cÃrculo de cultura de Aracaju dos anos de 1982 Vol. 1. 1ª Ed. São Paulo. 2021.
Excelente! Camarada Allan. Camarada com C maiúsculo. A impressão que tive é como se você tivesse tomado parte comigo e com os outros companheiros (as) que viveram essas página felizes das nossas histórias. Sinta-se parte dela, até porque você, de outras maneiras e em outros tempos participou e participa do mesmo projeto de emancipação dos despossuÃdos, dos trabalhadores, dos debaixo, dos condenados da terra como bem define o intelectual negro Franz Fanon..
ResponderExcluirMuito obrigado por seu comentário, professor. Na verdade eu aprendo cada vez mais com pessoas você que têm grande importância para a divulgação cultural em Aracaju e também que sempre foram preocupados com as pessoas de baixa-renda. Grande abraço e obrigado pelo seu comentário positivo.
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