Por: Allan
de Oliveira.
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(Atualizado
em 12 de setembro de 2017)
Tobias
Barreto de Menezes nasceu em 7 de junho de 1839, na Vila de Campos, e atual cidade
que leva o seu nome. Foi filho do escrivão e alferes, o Sr. Pedro Barreto de
Menezes, e de Dona Emereciana Maria de Jesus.
Tobias
Barreto foi considerado orador, crítico, polemista, filósofo e músico; e um
dos criadores do movimento Romântico Condoreiro, do qual muitos
atribuem o mérito a Castro Alves, além de ser um dos patronos da Academia
Brasileira de Letras. Cursou Direito ao lado de Sílvio Romero, Fausto Cardoso,
Pedro de Calasans e Castro Alves. Foi curador de órfãos e africanos
escravizados, tendo vários discípulos, sendo considerado um grande orador do
povo e deputado pelo Partido Liberal. Sua alfabetização fora adquirida na
cidade da qual nascera, estudando latim no município de Estância e Lagarto, e
aos quinze anos concluíra o curso.
Com o imenso
conhecimento em latim que esse grande homem passou a adquirir, concorreu a uma
vaga de professor substituto para lecionar a disciplina em qualquer lugar da
província de Sergipe. Mas para sua grande infelicidade não conseguira.
Na época em
que estudou Direito na Faculdade do Recife, concorreu a dois concursos para
exercer a atividade docente de Latim e Filosofia, sendo aprovado nos dois.
Porém, não conseguiu exercer o cargo por falta de apadrinhamento. E para se
manter dava aulas particulares.
O grande
talento de Tobias Barreto rivalizou o de Castro Alves e o de Vitoriano Palhares
(poeta pernambucano). Chegou a publicar artigos em vários jornais do Recife
como A Regeneração, O Vesúvio, Correio Pernambucano, colocando neles suas
ideias religiosas e filosóficas. Já nos jornais O Liberal e O Americano, o
renomado escritor assumiu ideias republicanas e abolicionistas e em seus poemas
estava inflamada a vontade de luta e esperanças para povo.
Teve como
profissão além de professor da área de Letras, a de advogado e a de juiz
municipal substituto. E o contato que tivera com todas essas profissões, bem
como as experiências nos jornais dos quais participara o ajudou a criar seu
próprio jornal, Um Sinal dos Tempos.
O primeiro
livro publicado por Tobias Barreto é Ensaios e Estudos de Filosofia e Crítica
(1875) que reunia artigos do autor antes publicados nos jornais. As
ideias de Tobias Barreto são consideradas avançadas para sua época devido às
influências alemãs, e buscavam que o Brasil fizesse parte do movimento
intelectual alemão, o que mostra seu caráter romântico de adoração à pátria.
Tobias
Barreto também criou ideias de condenação ao preconceito, ideias em defesa da
mulher, propondo um projeto para a criação do Partenogócio do Recife, uma
escola de Ensino Superior e profissionalizante, somente, para mulheres. Seu
projeto não foi aceito na Assembleia e isso resultou na sua não reeleição para
deputado, conseguindo ingressar no ramo político como vereador, mas sem
exercê-lo, sendo depois nomeado Juiz Municipal Substituto na cidade de Escada
(Pernambuco).
Certa vez
tentou libertar os escravos das terras do sogro, episódio que o fez se envolver
em questões judiciais com os herdeiros do familiar, tendo como consequência a
casa cercada, sendo agredido a ponto de morrer. Após esse episódio, publicou no
ano de 1881 o livro de poesias Dias e Noites.
A formação
intelectual de Tobias Barreto e insultos referentes à sua pessoa acarretaram
motivos para que os jovens pernambucanos da época resistissem contra as
autoridades, por ter sido admirado pelos mesmos, que acolhiam suas ideias
inovadoras. Esses jovens eram indivíduos com ideias socialistas, republicanas,
abolicionistas, e democratas. Fatos que ocorreram na época em que Tobias
Barreto era mestre na Faculdade de Direito do Recife.
Assim, ele passou a ser lembrado como um agitador das massas do Recife, e
considerado “O Poeta do Povo”.
Tobias
Barreto faleceu em 27 de junho de 1889 em Recife, por problemas de saúde e na
miséria, sendo socorrido por seus alunos e pelo povo, deixando a esposa viúva e
sua grande prole composta por nove filhos.
ASSISTA ABAIXO A UM VÍDEO SOBRE TOBIAS BARRETO:
O GÊNIO DA HUMANIDADE
Sou eu quem
assiste às lutas,
Que dentro d’alma
se dão,
Quem sonda
todas as grutas
Profundas do
coração:
Quis ver dos
céus o segredo;
Rebelde,
sobre um rochedo
Cravado, fui
Prometeu;
Tive sede do
infinito,
Gênio, feliz
ou maldito,
A Humanidade
sou eu.
Ergo o
braço, aceno aos ares,
E o céu se
azulando vai;
Estendo a
mão sobre os mares,
E os mares
dizem: “passai!…”
Satisfazendo
ao anelo
Do bom, do
grande e do belo,
Todas as
formas tomei:
Com Homero
fui poeta,
Com Isaías
profeta,
Com
Alexandre fui rei.
Ouvi-me:
venho de longe,
Sou guerreiro
e sou pastor;
As minhas
barbas de monge
Têm seis mil
anos de dor:
Entrei por
todas as portas
Das grandes
cidades mortas,
Aos bafos do
meu corcel,
E ainda
sinto os ressábios
Dos beijos
que dei nos lábios
Da
prostituta Babel.
E vi
Pentápolis nua,
Que não
corava de mim,
Dizendo ao
sol: “eu sou tua,
Beija-me…
queima-me assim!”
E dentro
havia risadas
De cinco
irmãs abraçadas
Em
voluptuoso furor…
Ânsias de
febre e loucura,
Chiando em
polpas de alvura,
Lábios em
brasas de amor!…
Travei-me em
lutas imensas;
Por vezes,
cansado e nu,
Gritei ao
céu: “em que pensas?”
Ao mar: “de
que choras tu?”
Caminho… e
tudo o que faço
Derramo
sobre o regaço
Da história,
que é minha irmã:
Chamam-me
Byron ou Goethe,
Na fronte do
meu ginete
Brilha a estrela
da manhã.
E no meu
canto solene
Vibra a ira
do Senhor:
Na vida,
nesse perene
Crepúsculo
interior,
O ímpio diz:
“anoitece!”
O justo diz:
“amanhece!”
Vão ambos na
sua fé!…
E às
tempestades que abalam
As crenças
d’alma, que estalam,
Só eu
resisto de pé!…
De Deus ao
sutil ouvido
Eu sou como
que um tropel,
E a natureza
um ruído
Das abelhas
com seu mel,
Das flores
com seu orvalho,
Dos moços
com seu trabalho
De santa e
nobre ambição,
De
pensamentos que voam,
De gritos
d’alma, que ecoam
No fundo do
coração!…
(1866)
AMAR
Amar é fazer
o ninho,
Que a duas
almas contém,
Ter medo de
estar sozinho,
Dizer com
lágrimas: vem,
Flor,
querida, noiva, esposa...
Cabemos na
mesma lousa...
Julieta, eu
sou Romeu:
Correr,
gritar: onde vamos?
Que luz! que
cheiro! onde estamos?
E ouvir uma
voz: no céu!
Vagar em
campos floridos
Que a terra
mesma não tem;
Chegamos
loucos, perdidos
Onde não
chega ninguém...
E, ao pé de
correntes calmas,
Que espelham
virentes palmas,
Dizer-te:
senta-te aqui;
E além, na
margem sombria,
Ver uma
corça bravia,
Pasmada,
olhando p'ra ti!
GUERRA DO PARAGUAI
Se nós
insultados fomos,
Agora que o
norte vae,
Há de sentir
o que somos
A gente do
Paraguai.
Se nessa
guerra em que entramos
Pelo direito
lutamos
Por ser o
nosso ideal,
No coração
de Solano
O sabre
pernambucano
Vai mostrar
p´ra quanto val.
Um dias
foste o verdugo
Que o teu
solo viu nascer,
Julgando
fácil ao jugo
Dominar-nos
e vencer;
Um dia,
ateando a guerra,
Pisaste a
brasílea terra,
Calcando o
nosso pendão...
Mas n´hora
amarga que passa,
Hás de ver a
nossa raça
Reagir de
armas na mão.
Patrícios! O
drama é sério!...
Junto ao
trono erguei!
Nós mesmos
somos o império!
Nós mesmos
somos o rei!
Não pensemos
no monarca!
Um homem que
os passos marca,
Vale o povo
varonil,
Pois agora,
o insulto feito,
Vae se ver
que em nosso peito
Vibra a
honra do Brasil.
OBRAS
Filosofia:
* Ensaios e
estudos de filosofia e crítica (1875)
* Brasilien,
wie es ist (1876)
* Ensaio de
pré-história da literatura alemã, Filosofia e crítica, Estudos alemães (1879)
* Menores e
loucos (1884)
* Discursos
(1887)
* Polêmicas
(1901)
Literatura:
* Dias e
Noites (1881) [Livro de poemas]
ASSISTA ABAIXO A UM VÍDEO SOBRE TOBIAS BARRETO:
REFERÊNCIAS:
BARRETO, Luiz Antonio. Crítica de Literatura e Arte:
Edição Comemorativa / Tobias Barreto. Ed. Record. Ministério da Cultura.
1990.
BARRETO, Tobias. Dias e Noites. 8ª ed.
Reorganização, Introdução e Notas de Jackson da Silva Lima. Editora UFS.
Aracaju / SE. 2004.
LIMA, Jackson da Silva. História da Literatura Sergipana.
Vol. II. Fase Romântica. Aracaju, Fundesc, 1986.
Tobias Barreto – Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Tobias_Barreto>. Acesso em: 12 de jul. de 2013.