Hélio Nunes, um autor sergipano perseguido pela Ditatura Militar

(Hélio Nunes, escritor brasileiro)

 

Por: Allan de Oliveira.

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Hélio Nunes da Silva foi escritor, jornalista, editor, e ativista político e cultural. Ele nasceu em Aracaju/SE em 17 de abril de 1931, sendo filho de José Nunes da Silva e Júlia Canna Brasil e Silva, e irmão do contista e jornalista Célio Nunes (https://ury1.com/OZB9K). Casou-se com Valquíria Cardoso com quem teve três filhos.

Hélio Nunes foi perseguido durante o “Regime Militar” por causa das suas ideias de Esquerda, e por fazer parte do PCB, e ter participado de movimentos estudantis. Passando por esses problemas, o escritor foi morar na Bahia, onde concluiu o curso de Contabilidade e se destacou como líder de movimentos nacionalistas, destacando-se também por causa do seu trabalho cultural e jornalístico.

Fundou a gráfica Itagraf, onde foi editor de livros, e depois o Jornal de Notícias em 1962 que serviu como ponto de encontro de ativistas e intelectuais.

Hélio Nunes também se destacou por defender pessoas humildes, crianças de rua, e os perseguidos do Regime Militar.  A perseguição em relação a ele aumentou, obrigando-o a vender sua gráfica e seu jornal. Foi processado por denunciar em manifesto as classes dominantes em relação aos maus-tratos às crianças carentes. E após resolver seus processos, foi trabalhar como escrivão, mas a perseguição continuava. Não suportando a distância da família, enfrentou uma depressão profunda chegando a falecer de infarto em 1972.

 

Obra literária

 

Pássaro do amanhã (1962)

 

POEMA A MEU FILHO

Meu filho, chegarás na primavera:
Mil desculpas, não poderei oferecer-te
Aquele mundo alegre e humano que sonhei.

Meu filho, chegarás na primavera:
Quando adulto, não sê igual aos demais.
Tenhas o coração inquieto e a ternura de Valquíria.

Meu filho, chegarás na primavera:
Ama e ama. Se te forçarem a odiar, odeia.
O Amor e o ódio têm suas grandezas.

Meu filho, chegarás na primavera:
Rosas e foguetes teleguiados também.
Vê nos povos, brancos e negros, teus irmãos.

Meu filho, chegarás na primavera:
Aos 18 anos lê estes versos, não são conselhos,
São desejos, devaneios de um pai sonhador...

(Julho de 1959)


NÃO PARTIREI!

Desejo de partir. Para onde - não sei.
De beber um copo de vinho
num porto qualquer. Ou não beber nada.
Olhar silencioso as gaivotas, o mar,
E os marinheiros no cais.

Desejo de partir. Para onde - não sei.
Folhear um jornal dentro de um avião
rumo a uma cidade que não conheço.
Andar por avenidas largas, ruas e praças.
Ser um desconhecido entre milhões.

Desejo de partir. Para onde - não sei.
Desejo chapliniano de ir pelos caminhos
na hora do alvorecer. Comer uma flor,
beber água numa fonte com as mãos em concha
e enxugar a boca nos punhos da camisa.

Desejo de partir. Para onde - não sei.
Não. Não partirei. Não partirei!
Trago um sonho para realizar com ela.
Trago esperanças maduras como frutos
e alguns versos novos para o povo.

(Dezembro de 1956)

 

REFERÊNCIA: 

Helio Nunes da Silva. Disponível em: <http://dimensaojornal.com.br/helio-nunes-da-silva/> Acesso em 06 de jan. de 2015. 

O poeta Helio Nunes. Disponível em: <http://correioitajuipense.blogspot.com/2009/07/o-poeta-helio-nunes-poesia-de-helio.html>. Acesso em 03 de jun. de 2019. 


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