Por: Allan de Oliveira.
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Manuel
Curvelo de Mendonça nasceu em 29 de julho de 1870 no município de Riachuelo,
Estado de Sergipe, no Engenho Quintas, sendo filho de Antônio Curvelo de
Mendonça e Dona Bárbara Muniz Teles de Menezes de Mendonça. A princípio o autor
estudou na cidade onde nascera e Aracaju. Posteriormente, mudou-se para
Pernambuco indo estudar na Faculdade de Direito do Recife. Ao ter se graduar em
Direito, ele segue para o Rio de Janeiro no ano de 1893, com propósito de
publicar seus textos, passando a exercer atividades literárias, contribuindo em
jornais, e trabalhando como professor, bem como na Intendência Municipal. Foi
membro do Conselho de Instrução Pública e diretor do Instituto Comercial do
Distrito Federal.
O
autor é considerado um indivíduo com ideias avançadas, talentoso, e defensor
das ideias socialistas do seu tempo. E pelo que se sabe quanto à sua
bibliografia literária é que há, somente, um único Romance, Regeneração,
obra com tendências realistas, e também alguns contos que estão no Almanaque
Brasileiro Garnier. Além disso, é importante frisar também que há
tendências anarquistas presentes em Curvelo de Mendonça, semelhante a de
autores realistas portugueses como Antero de Quental que se influenciaram por
essa corrente política e ideológica para escreverem suas obras. E De acordo com
o texto “A Ficção Anarquista Classe Média” presente em http://www.unicamp.br/~boaventu/page31a.htm é
dito que o Romance Regeneração foi escrito através de
influencias dos ideais do anarquista cristão Liev Tolstoi que em certo momento
da sua vida preferiu a vida do campo a das cidades: “Regeneração, (...)
inspirado em Tolstoi, rejeita a vida nas cidades considerando-a destruidora das
belezas naturais, nociva à saúde e como nos outros dois textos perniciosa a
moral. Por esse prisma não consegue aceitar o desenvolvimento urbano. Transmite
apenas uma visão pessimista da cidade em contraposição visão do campo, onde
sempre reina alegria e obtém-se um compensador emprego da atividade. [...]
no texto de Curvelo de Mendonça a natureza é sempre solidária com o homem nos
momentos decisivos de sua vida; a comunidade rural é sugestivamente chamada
Jerusalém, e não é por acaso que o título do romance é Regeneração”.
Além
de Regeneração, Curvelo de Mendonça também escreveu em vários
jornais. Defendeu ideias abolicionistas e republicanas em fins do século XIX
quando ainda era jovem e usava o pseudônimo “Lucker” para escrever nesses
periódicos.
As
experiências com a impressa ajudaram também Curvelo de Mendonça a desenvolver
uma atividade intelectual maior, abordando em seus artigos jornalísticos
assuntos sobre as indústrias agropecuárias, os problemas econômicos do Brasil,
bem como os problemas sociais de Riachuelo.
Em
1910, Curvelo de Mendonça viajou a trabalho para a Europa para assistir aos
Congressos Pedagógicos de Bruxelas e Paris e nesse mesmo ano ao retornar ao
Brasil é nomeado
membro do Conselho de Instrução Pública do Distrito Federal.
“Em
1912 a “Sociedade Nacional” de Agricultura concedeu-lhe o título de sócio
honorário pelos bons serviços prestados à 4ª Conferência Açucareira realizada
em Campos e o Instituto Histórico de Sergipe o elegeu sócio correspondente, a
exemplo do que já havia feito o Instituto Histórico do Ceará”. (In: Dicionário Biobliográfico
Sergipano de Armindo Guaraná)
A vida e obra de Curvelo de Mendonça chegaram a serem citadas na 3ª edição de uma revista internacional do Rio de Janeiro chamada “Kultur” e numa revista de Paris, Latina: Revue Mensuelle pour la propagande des peuples latins, número 17 de 20 de novembro de 1910.
Como
consta no Dicionário Biobibliográfico Sergipano de Armindo Guaraná,
Curvelo de Mendonça escreveu nos jornais:
–
Horácio Hora. No “O Republicano”. Aracaju, de 1 de junho de 1890.
–
Sergipe Republicano. (Estudo crítico e histórico). Rio de Janeiro, 1896, XX-179
págs, in. 12º. Casa Mont’Alverne.
–
O Chanceler de Ferro do Antigo Egito. por J. W. Rochester (W. Kriganowski).
Trad. do francês. aris. 1903. 494 págs, in. 12º. H. Garnier, Livreiro Editor.
–
A Regeneração: romance social. Paris. 1904, 231 págs. in. 12º. H. Garnier,
Livreiro Editor. Geralmente recebido com francos elogios da imprensa, disse um
crítico conter este livro um profundo estudo da sociologia, em que os problemas
correlatos da sociedade moderna têm a sua crítica e a sua solução.
–
Universidade Popular para instrução superior e educação do proletariado,
fundada em 20 de março de 1904. Estatutos e Programa. Rio de Janeiro, 1904, 8
págs. in. 8º pq.
–
Redução das horas de trabalho. (Fechamento das portas das casas comerciais).
Conferência realizada no salão do “Clube Brasileiro Comercial”. Rio de Janeiro,
1905, 22 págs. in. 3.”. pq, Impressores – M. Orosco & C.
–
A crise do assador. Carta ás Sociedades Agricolas e aos Lavradores de Sergipe.
Rio de Janeiro, 1906, 12º págs, in. 8º pq. Tip. do “O Economista Brasileiro”.
–
A morte de Silva Jardim. Nos Anais, Rio de Janeiro, ano III, (1906) nº 78,
págs. 238 e 239.
–
Guimarães Rebelo: estudo sobre a individualidade literária desse escritor. No
“Brasil Revista”, publicação Mensal Ilustrada, 1910, Ano 3, nº 7.
Redigiu
com outros:
–
O Brasileiro: hebdomadário literário e noticioso. Aracaju, 1888-1889.
–
O Incentivo: jornal literário de preparatorianos. Aracaju, 1889. Publicação
semanal.
–
Era Nova: órgão católico. Recife, 1890-1892.
–
O Progresso Educador: revista de ensino. Rio de janeiro, 1894.
–
Gazeta da Tarde: diário. Rio de Janeiro, 1901.
–
Revista Didática: publicação mensal. Rio de Janeiro, 1904-1907. Foi um dos
redatores nos anos de 1904-1906.
–
O País: jornal independente, político, literário e noticioso. Fundado no Rio de
Janeiro em 1885, foi seu redator até falecer.
Curvelo
de Mendonça faleceu em Laranjeiras, município de Sergipe, em 17 de setembro de
1914 devido a problemas de saúde.
OBRA
PRINCIPAL:
* Regeneração (1904)
REFERÊNCIA:
A Ficção Anarquista Classe Média. Disponível em: <http://www.unicamp.br/~boaventu/page31a.htm>. Acesso: 07 de ago. de 2015.
GUARANÁ, ARMINDO DE. Dicionário Biobliográfico Sergipano – por Luiz Antônio Barreto. In: <http://clientes.infonet.com.br/serigysite/ler.asp?id=297&titulo=biblioteca_virtual>. Acesso em: 20 de ago. de 2015.
FENERICK, José Adriano. A literatura anarquista dos anos 1900 / 20: um estudo da recepção em dois quadros críticos. Disponível em: <http://www.cerescaico.ufrn.br/mneme/pdf/mneme10/anarquista.pdf> Acesso em: 01 ago. 2013.
Latina: Revue Mensuelle pour la propagande des peuples latins. Disponível em: <http://gallica.bnf.fr/ark:/12148/bpt6k1342824/f151.image>. Acesso em: 05 de set. de 2017
LEMOS, Wagner. Autores sergipanos por ordem alfabética pelo sobrenome de L-S. Disponível em: <http://www.wagnerlemos.com.br/autores2.htm>. Acesso em: 05 ago. 2013.