Atualizado em 12/07/21
contatoallandeoliveira@gmail.com
Certo dia estava eu e um camarada numa
mesa de bar, usufruindo a tão desejada cerveja gelada, porque após uma semana
repleta de problemas e stress no trabalho, era do que mais precisávamos.
Tomando nossa cerveja, conversávamos
sobre o que gostávamos de conversar: assuntos sobre cultura, política, e
assuntos de uma mesa de bar.
Meu camarada conversava sentado em sua
cadeira, demonstrando tranquilidade. Enquanto eu, um indivíduo estressado com o
mundo moderno, conversava gesticulando com as mãos, levantando-me o tempo
inteiro da cadeira, principalmente, quando alguma música empolgante de rock
tocava em nossa caixa portátil de som.
— Die, die, die
my darling! Don't utter a single word!¹ – eu cantava
aos gritos, gesticulando como se uma guitarra estivesse em minhas mãos.
As pessoas nas outras mesas me olhavam
como se estivessem vendo algum louco à sua frente. E isso me alegrava porque,
às vezes, é do meu feitio agir de maneira um pouco subversiva em relação ao
senso comum. E essa certa subversão ajudava a controlar um pouco o meu stress.
De súbito, meu camarada me dissera que
estava sentindo uma tremenda dor-de-barriga e foi ao banheiro. Porém, ele
retornara imediatamente, dizendo que no banheiro não havia o sanitário para ser
utilizado e ele se livrar do peso sentido na barriga. A sorte é que ele morava
próximo ao bar e, desesperadamente, correu para sua casa para usar o banheiro.
Enquanto isso; permaneci onde estava; continuando a ouvir as empolgantes
músicas de rock que alimentam o meu espírito e o meu coração.
Minutos depois, ao vê-lo retornar,
notei que ao caminhar ele cantava a 5ª sinfonia em dó menor de Bethoveen,
gesticulando com as mãos como se fosse um maestro:
— Panranran, panranranran. Panranran,
panranranran...
As pessoas na rua olhavam espantadas
para ele, enquanto o mesmo sorria como uma pessoa que acabou de usufruir de uma
ejaculação após tantos anos.
Notei que sua felicidade estava focada
no peso que ele se livrara da barriga porque ao chegar o mesmo afirmara isso
para mim.
É. Mas, a verdade nisso tudo é que eu notara que o alívio, realmente, ocorreu por causa de outro alívio, um alívio do qual todos nós precisamos sentir: se livrar de um enorme peso alojado no pensamento e no coração.
(Verão de 2012).
Por: Allan de Oliveira.
___________________________________
¹ Nota: o presente conto faz parte do livro “Histórias aceitas por ninguém”, de Allan de Oliveira que você, leitor, poderá adquirir em alguns dos links logo abaixo:
Editora
Clube de Autores:
AMAZON: