JOSÉ SAMPAIO, o Poeta dos Humildes


(José Sampaio, poeta brasileiro)

 

Por: Allan de Oliveira.

contatoallandeoliveira@gmail.com

 

Biografia

 

José de Aguair Sampaio nasceu na Vila do Carmo (Carmópolis) a 02 de maio de 1913. Filho de Gaspar Leite Sampaio e de Dona Honorina de Aguiar Sampaio. Anos depois fora morar em Riachuelo com a família, passando a trabalhar na empresa de tecidos dos seus tios, Aguiar & Irmãos, época em que o poeta contribuiu em pequenos jornais daquela cidade, escrevendo seus primeiros poemas.

No período de 1932 a 1934, José Sampaio fora viver no município de Capela, exercendo ainda as atividades profissionais no comércio dos seus tios.

Em 1934, José Sampaio foi morar na capital sergipana, e lá fez amizade com a geração de jornalistas e intelectuais que contribuíam nos meios culturais e artísticos, e rodas literárias. Tratava-se da época em que ele teve uma vida boêmia, frequentando bares e cabarés. Participa de jornais estudantis, pondo sua poesia a serviço das causas sociais, liderando os jovens intelectuais sergipanos e estudantes que combatiam a ditadura do Estado Novo, o Integralismo, e a censura dos meios de comunicação.

Os jornais aracajuanos e as revistas deram espaço para a publicação dos poemas de José Sampaio, considerando-o “O Poeta dos Humildes”. Sua poesia contém a liberdade com relação à forma tradicional, produzida em linguagem coloquial. Trata-se de textos engajados nas questões sociais, mostrando uma preocupação com o povo, as desigualdades, a miséria, a decadência, e o vício. Caracterizada por uma reafirmação do mundo como imagem com profundo sentimento humano e angústias da alma.

Em 1938, José Sampaio colaborou na Seiva, revista baiana ligada ao Partido Comunista (PCB).

José Sampaio casou com a poetisa Jaci Conde Dias, de Itaporanga D’Ajuda, com quem teve dois filhos e eles se mudaram em fins dos anos de 1940 para Feira de Santana (BA), assumindo um armarinho que comprara. Anos depois, o poeta contraíra um câncer, indo à procura de tratamento no Rio de Janeiro e em São Paulo. Não resistindo à doença, o “Poeta dos Humildes” morrera no dia 3 de abril de 1956, sendo sepultado no Cemitério de Santa Isabel. Sua obra fora publicada em livros postumamente.

 

OBRAS:

 

Nós Acendemos a Nossas Estrelas [Movimento Cultural de Sergipe, 1954]

Obras Completas de José Sampaio [Livraria Regina / Movimento Cultural de Sergipe, 1956]

Esparsos e Inéditos de José Sampaio [Nova Editora de Sergipe, 1967]

Poesia & Prosa [Sociedade Editorial de Sergipe, 1992]

 

A revolução das ruínas

 

O rumor que veio desta lembrança

amedrontou meu silêncio.

No meu modo de ver, pelo menos agora,

as ruínas se revoltaram debaixo dos edifícios novos.

São lembranças estranhas

de tudo que ficou debaixo do mais forte.

Há um sofrimento infinito nestes seres pisados,

mas não há choro nesse clamor subterrâneo.

As grandes dores

geram a alegria trágica do ódio.

É a decadência querendo levantar-se

para ressuscitar

na glória de suas causas de palha,

na felicidade dos seus homens brutos

e na alegria de sua antiga liberdade.

Geração que foi enterrada

querendo romper o túmulo dos arranha-céus

para apagar

todas as luzes da civilização.

A luta rasteirado que caiu

para nunca mais levantar.

Revolução infeliz,

tão infeliz que não morre

para viver das derrotas.

Luta impossível

contra o indiferentismo do tempo

e a ironia espontânea do progresso.

Meu pensamento, agora,

é a lembrança estranha

deste profundo anseio de liberdade

que estremece a cova das ruínas.

 

Canto

 

Se todos ficarem contra mim

eu continuarei amando a poesia e a beleza.

 

Se todos me abandonarem

eu direi que são puras as mulheres perdidas dos becos

 

Podem todos ferir-me:

- eu direi que são claros os olhos das crianças negras.

 

Podem todos ferir-me.

Como poderei dizer que não amo a claridade da aurora?

 

REFERÊNCAIS

A POESIA DE JOSÉ SAMPAIO. Disponível em:

<http://sergipeeducacaoecultura.blogspot.com.br/2010/07/poesia-de-jose-sampaio.html>. Acesso em: 06 de março de 2014.

José Sampaio - O poeta dos humildes. Disponível em: <http://www.infonet.com.br/luisantoniobarreto/ler.asp?id=46328>. Acesso em: 06 de março de 2014.

SAMPAIO, José. Poesia e Prosa. Aracaju. Sociedade Editorial de Sergipe, 1992.

2 Comentários

  1. NÃO CONSEGUI SABER COMO COMPRAR UM LIVRO DE JOSÉ SAMPAIO.
    QUE LÁSTIMA .

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    1. Esses livros são raros e não houve outras edições. E é justamente por causa dessa carência que este blog foi criado.

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