Por: Allan de Oliveira.
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(Atualizado em 28 de jan. de 2022)
Gizelda Morais nasceu no municÃpio sergipano de Campo do Brito em
1939, sendo filha de Antônio Dórea Morais e Maria Pureza Morais. Ela aprendeu a
ler na cidade de Tobias Barreto através do contato que tivera com a literatura
de cordel da qual ela sempre comprava a um vendedor de livretos dessa natureza.
A partir daÃ, a futura escritora passou a ler Romances e poemas, e a leitura se
torna um hábito quando Gizelda Morais tinha uns 8 ou 9 anos de idade.
Ela passa a estudar o Ensino Fundamental no municÃpio de Campo do
Brito e com o seu hábito pela leitura, Gizelda Morais começa a escrever os
seus primeiros poemas aos 12 anos de idade. É quando professores aproveitaram
para chamar a pré-adolescente para escrever poemas para serem apresentados em
festas do colégio.
Ao morar em Aracaju/SE para estudar o Ensino Médio no Colégio Estadual
Tobias Barreto, Gizelda Morais mantinha algumas colunas em jornais como A
Gazeta de Sergipe e Correio.
Nessa época ela estava com 18 anos e publica o seu primeiro livro de
poemas, Rosa do Tempo (1958), pelo Movimento Cultural de Sergipe (MCS),
grupo esse composto por escritores sergipanos com tendências modernistas. E,
além disso, Gizelda Morais ajuda na criação do Clube Sergipano de Poesia.
No ano de 1959, ao ter participado do Concurso Universitário de Poesia
em Belo Horizonte, Gizelda Morais teve a colocação de primeiro lugar.
Gizelda Morais passa a cursar Filosofia em Belo Horizonte, e,
posteriormente, vai morar em Salvador para concluir curso e cursar Psicologia.
Ela chega a fazer Mestrado em Psicologia na USP e, posteriormente,
Doutorado e Pós-Doutorado na França e se torna membro da Academia Sergipana de Letras
e participa de movimentos culturais.
Ela passa a trabalhar como professora na Universidade Federal de Sergipe (UFS),
lecionando também no Rio Grande do Norte, Bahia, Rio Grande do Sul e na
Universidade de Nice, na França. E também trabalhando como secretária regional
e conselheira em órgãos nacionais como CNPq, CAPES, e outros órgãos públicos.
Quanto a sua dedicação aos Romances, isso só ocorreu de forma mais
intensa quando ela se aposentara.
Sofrendo de problemas de saúde, a escritora faleceu em 15 de agosto de
2015 aos 76 anos de idade e o seu corpo foi sepultado no Cemitério Colina da
Saudade.
Suas obras abordam sobre episódios da história de Sergipe como os primeiro extermÃnio de indÃgenas nesse Estado, as relações entre africanos escravizados com os senhores de engenho, e apresentam muitos outros temas variados. E além, do cultivo de poemas e Romances, a autora também escreveu contos, ensaios literários, um livro voltado para a área de Pedagogia, publicando também vários trabalhos cientÃficos em livros e revistas especializadas. E alguns dos seus Romances até se tornaram literatura obrigatória nos antigos vestibulares da Universidade Federal de Sergipe.
OBRAS¹
* Contos (2004)
Livros de poemas:
* Rosa do Tempo (1958);
* Baladas do Inútil Silêncio (1964);
* Acaso (1975);
* Verdeoutono (1982);
* Cantos ao Parapitinga (1991);
* Poemas de Amar (1995) [Em parceria
com Núbia Marques e Carmelita Fontes];
Coletâneas:
* Palavra de Mulher (1979),
* Aperitivo Poético (1986);
* NORdestinos (1994) [Lançado em
Lisboa].
Ensaios literários:
* Esboço para uma análise do
significado da obra poética de Santo Souza (1996).
Pedagogia:
* Pesquisa e Realidade de 1º Grau
(1980).
Romances:
* Jane Brasil (1990)
* Ibiradiô: As várias faces da moeda
(1990) [Lançado também na França]
* Preparem os Agogôs (1997)
* Absolvo e Condeno (2000)
* Feliz Aventureiro (2001)
* A procura de Jane (2010)
PARTIDA PARA O ETERNO
O carro vinha, vinha devagarinho
fúnebre carro, lúgubre.
A chuva caÃa fina, incessante caÃa.
Gotejavam nos lenços as lágrimas do céu
gotejavam nos lenços as lágrimas dos homens.
E ele partia imóvel, calmo;
Criaturas ficavam, moviam-se tristes, choravam...
Os olhos inchados, parados, sem dizer palavras,
porque elas não valiam.
Corações, pobres corações!
Se houvesse um coração de penas conformado!
Se houvesse um coração só feito de saudade!
Saudade ver partir sem dizer nada.
Coração de esperança, apenas, noutro encontro.
E o carro partiu, partiu devagarinho,
as gotas da chuva tombando na terra, nos homens.
E ele partia imóvel, calmo, para a eterna viagem,
eterna eternidade.
Criaturas ficavam sentidas,
criaturas ficavam na luta da vida.
O HOMEM E O MUNDO
o homem vai
o homem vem
o mundo é o mesmo
o homem não
atrás da cortina
a luz se apaga
o homem se gasta
e o mundo não.
o homem prossegue
a música toca
o homem a escuta
e o mundo não.
no fundo das redes
os peixes repousam
o mundo descansa
e o homem não.
as fontes renascem
as rosas fenecem
o homem contempla
e o mundo não.
a noite é escura
o sol faz o dia
o mundo é cativo
e o homem não
o homem é vivido
o homem é passivo
o homem é lembrança
e o mundo não.
as pedras não falam
os ventos não gemem
o mundo se cala
e o homem não.
o espelho reflete
reflete e não vê
o homem é o mundo
e o mundo não.
E CONTINUAREI...
E continuarei
transpondo abismos,
palmilhando estradas,
sangrando os pés nos caminhos da vida.
E continuarei
pelos vales sombrios,
por estreitos valados,
sobre areias ferventes de desertos perdidos.
E continuarei
passando ao lado
da grande multidão
que olha, que escuta, que comenta
os passos agitados
que pisam pelo chão.
Mas continuarei
sorrindo, chorando,
caindo e levantando.
Continuarei
e chegarei assim,
não sei se arrependida,
triste ou satisfeita,
ao ponto terminal
da trilha em que vivi.
__________________________
¹ Além de poesias e Romances, Gizelda Morais também publicou vários
trabalhos cientÃficos em livros e revistas especializadas.
REFERÊNCIAS:
Antônio Miranda – GIZELDA SANTANA DE MORAIS. DisponÃvel em: <http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_brasis/sergipe/gizelda_santana_de_morais.html>. Acesso em: 10 de set. de 2013.
Estante Virtual. DisponÃvel em: http://www.estantevirtual.com.br/qau/morais-gizelda. Acesso em: 12 de set. de 2013.
Entrevista com Gizelda Morais. DisponÃvel em: <http://www.youtube.com/watch?v=OZvJEIoWKnE>. Acesso em 16 de out. de 2013.
Infonet – Morre a escritora sergipana Gizelda Moraes – Por Aisla Vasconcelos. DisponÃvel em: <http://www.infonet.com.br/cidade/ler.asp?id=176314>. Acesso em: 25 ago. 2015.
REBRA – Rede de Escritoras Brasileiras: Gizelda Morais. DisponÃvel em: <http://rebra.org/escritora/escritora_ptbr.php?id=1073>. Acesso em: 10 de set. de 2013.