(Aberlado
Romero, escritor brasileiro)
(Atualizado
em 26/07/18)
Por: Allan de Oliveira.
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Aberlado Romero Dantas nasceu em 13 de junho de 1907 em Lagarto, sendo filho de Etelvino Dantas e Maria Romero Dantas, de famÃlia tradicional, tendo como tio-avô, o grande SÃlvio Romero. Viveu em outros municÃpios além do que nasceu, como Estância, e na capital de Sergipe, bem como no Estado do Rio de Janeiro, onde publicou seu primeiro livro, Trem Noturno no ano de 1931, livro que fora bem aceito pela crÃtica. Ao retornar do Rio de Janeiro, o escritor fora morar em seu sÃtio na Catita, em Lagarto, usando o local como refúgio para suas leituras e reflexões. Trabalhou como jornalista, contribuindo em vários jornais do Estado, e escreveu prosa e poemas, passando em seus textos sua consciência crÃtica. Tornou-se muito conhecido pelo Brasil e muito pouco em Sergipe, tendo publicado poemas no continente africano e europeu, sendo aplaudido na Itália pelo artista plástico Felipe Marinetti, elogiado na França por Georges Lê Gentil, além da crÃtica da Argentina tê-lo considerado como um dos maiores poetas do Brasil, e ter recebido outros elogias em várias outros paÃses. Foi um dos realizadores da “Noite da Poesia Moderna”, ocorrida em 1929, que aconteceu no Cinema Guarani, ao lado de José Maria Fontes. Em seus poemas são notados o uso de versos brancos e caracterÃsticas modernistas na quebra de padrão formal. Além de todas essas qualidades, Abelardo Romero foi um poliglota e considerado um dos maiores intelectuais sergipanos do século XX. Faleceu em 17 de março de 1979 na cidade onde nascera. É ocupante da cadeira de nº 16 da Academia Sergipana de Letras.
José Maria Fontes
Essa gente
vai pensar que você anda rico
para merecer
este poema escrito às cinco horas da manhã.
Todo mundo
se engana.
Ninguém sabe
nos julgar.
Você é um
complemento do poema sinfônico da minha vida.
Não podemos
passar um sem o outro,
meu irmão.
Nossa
amizade nasceu de uma mútua compreensão.
A muita
gente deve parecer estranha e absurda
amizade tão
grande entre jovens tão sérios.
Como vai
longe o nosso tempo!
Você sempre
foi mais triste
(Pode ser
que esteja mais).
Eu sou um
pouco mais alegre.
Como estamos
distanciados daqueles dias vestidos de camisolas
como
bandeiras pacificadoras em corpos juvenis!
Estamos fora
do tempo em que a gente trocava
uma cidade
gigantesca por um coquinho-da-Ãndia e
[uns
ramos de flores naturais
Três dias de
águas verdes nos desunem.
É verdade.
Você ficou
ali – um salgueiro – o seu único amor.
Quando nos
veremos?
Será
possÃvel que...
Os comboios
escuros rangem e gritam entre
[os pares de
trilhos luminosos
assentados
num chão diariamente engraxado.
Ovação aguda
de sirenas.
Me lembro
dos momentos que eu passei ao seu lado,
naquela sala
amarela que abria uma janela larga para
[um oitão
florido das saudades
brancas
Até mais
tarde.
Rondó
Cinco e quarenta agora.
Desceu a porta zinco,
parou o rádio na loja,
em cima também parou
a máquina de calcular.
Maquiage na
janela
o Banco só
amanhã.
Daqui a
pouco, seis horas.
Vem um riso
conhecido
na multidão
apressada.
O paletó e
os óculos.
É aquele o
Salvador.
Cinco e
cinquenta e nove,
Perdidas as
esperanças
agora nada
interessa: –
o olhar da
estenógrafa,
a marca da limousine,
as rosas e o
relógio –
Tudo inútil,
inutilmente.
Nem intenção
de carinho
no bonde
cheio de bocas.
Só o cheiro
do café,
a visão
rubra da carne
no açougue
desta rua.
Fechou-se
tudo. É o escuro,
o ruminar
dos prazeres
no
restaurante e na cama.
Monólogo no Hotel Serrador
Sim, eu
ainda sonho.
Mas o meu
sonho é grave e duro
como este
móvel de mogno
sonhando
sólido no escuro.
No cinema Odeon
Há sempre um
pássaro a cantar
nos filmes
do Velho Oeste americano.
Que pássaro
é esse, poeta Philip Booth?
Existe mesmo
esse pássaro?
Ah, é doce
demais. Parece falso.
Ele canta
para conter meu desespero.
OBRAS:
Obras em poesias:
* Trem
Noturno (1931)
* Vozes da
América (1941)
* As Rosas e
o Relógio (1949)
* A musa
armada (1953)
* ExÃlio em
casa (1955)
* O alegre
cativo (1959)
* O passado
adiante (1969)
* Visita ao
Rio (1978)
Obras em prosa:
* SÃlvio
Romero em famÃlia (1960)
* Origem da
imoralidade no Brasil (1967)
* Chatô – a
verdade como anedota (1969)
* Heróis de
batina (1973)
* Limites
Democráticos do Brasil (1975)
Teatro:
* Emanuel
REFERÊNCIAS:
Abelardo Romero Dantas – Personalidades
Lagartenses, 6 de abril de 2011 – Por Rusel
Barroso. DisponÃvel em: <http://lagartonet.com/2011/04/06/abelardo-romero-dantas/>.
Acesso: 05 de ago. de 2013.
BRASIL, Assis. A Poesia Sergipana no Século XX. Rio de
Janeiro. Imago Editora, 1998.
Enciclopédia Nordeste – Abelardo
Romero Dantas.
DisponÃvel em: < http://www.enciclopedianordeste.com.br/034.php>.
Acesso: 05 de ago. de 2013.
Jornal
de Poesia – Abelardo Romero.
DisponÃvel em: <http://www.jornaldepoesia.jor.br/1aromero.html>: Acesso:
05 de ago. de 2013.
ROMERO, Abelardo. Visita ao Rio. Poesia. Rio de Janeiro, 1978.