Por: Allan
de Oliveira.
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João Batista
Ribeiro de Andrade Fernandes nasceu no município de Laranjeiras a 24 de junho
de 1860. Foi jornalista, crítico literário, filólogo, historiador, pintor e
tradutor brasileiro, e também membro da Academia Brasileira de Letras. Influenciou-se
pelo poeta-romântico português Alexandre Herculano.
De acordo
com especialistas em Literatura Sergipana, João Ribeiro é considerado o homem
que alterou os rumos da historiografia tradicional no Brasil, considerado o
primeiro historiador moderno do país por estudar o povo durante o percurso
histórico, e não somente, sobre os governantes.
João Ribeiro
perdeu o pai muito cedo, indo morar na casa do avô. Ao concluir os primeiros
estudos em Laranjeiras, foi estudar no Atheneu Sergipense e concluíra os
estudos secundários, indo depois para a Faculdade de Medicina de Salvador.
Abandonou o Curso de Medicina e estudou na Escola Politécnica do Rio de Janeiro,
dedicando-se, também aos estudos de arquitetura, pintura, música, literatura e,
principalmente, filologia. A partir de 1881, esse sergipano se dedicou ao
jornalismo, conhecendo importantes personalidades do ramo como Quintino
Bocaiúva, José do Patrocínio e Alcindo Guanabara.
Sabe-se que
foi Sílvio Romero quem divulgou seus poemas, a princípio, publicados em um
artigo na Revista Brasileira e,
posteriormente, em o Parnaso Sergipano.
João Ribeiro
ensinou em colégios particulares bem como em colégios de renome como o Colégio
Pedro II e a Escola Dramática do Distrito Federal, na época em que ele escrevia
para o jornal A Semana, ao lado de
Machado de Assis, e outros importantes intelectuais, onde publicou os artigos
que, no futuro, tornaram-se a obra Estudos
filológicos (1902).
Em 08 de agosto
de 1898, João Ribeiro ocupou a cadeira de número 31 na Academia Brasileira de
Letras, e em 1907, foi um dos principais promotores da reforma ortográfica.
Como poeta, sabe-se
que a poesia de João Ribeiro contém tendências parnasianas. E como crítico
literário é considerado tão importante quanto Sílvio Romero e José Veríssimo, e
não é à toa que o poeta sergipano Hermes Fontes tenha ganhado certo reconhecimento
através de João Ribeiro.
João Ribeiro faleceu no Rio de Janeiro em 13 de abril de 1934.
MUSEON
II
Helés, a
formosíssima das gregas,
Róseo trecho
de mármor sob escombros
Dum Panteon
que as divindades cegas
Soterraram
depois de tê-lo aos ombros,
Helés, um
dia, sobre a praia chegas...
Inclinam-se
extensíssimos os combros
E o vento
alarga em frêmitos de assombros
Da túnica do
mar as verdes pregas.
E tu reinas,
tu só! Debalde, vagas
Sobre outras
vagas se atropelam, correm,
Uma por uma,
indiferente esmagas:
Como as
paixões na tua vida ocorrem,
Uma e mais
outra, nas desertas plagas
Chegam e
morrem, e chegam e morrem.
IV
Este vaso
quem fez, por certo fê-lo
Folhas de
acanto e parras imitando.
É de ver-se
a asa fosca o setestrelo
De saboroso
cacho alevantando.
Que desejo
viria de sorvê-lo
Os gomos
todos um a um sugando,
Quando,
contam, dos pássaros o bando
Do céu
descia prestes a bebê-lo.
Examina este
vaso. N'um momento
Crê-se vê-lo
a voar, o movimento
D'asa
soltando, como aéreo ninho...
Será verdade
que este vaso voa
Ou
porventura à mente me atordoa
Seu capitoso
odor de antigo vinho?
VIII
Foi com esta
maçã d' oiro polido
Que as
ambições movendo de Atalanta,
Pôde
Hipomenes alcançá-la. E quanta
Vitória a
essa em tudo parecida!
Ao ideal
aspira! à estrela aspira! à vida
Aspira ó
nada, ó turba agonizante,
Ou chores
quando a terra alegre cante
— Ou cantes
quando a lágrima vertida
Desça-te à
boca. E bastaria, apenas,
Para galgar
essas regiões serenas,
A maçã de
Hipomenes, flébil, louro ...
E chegarás
ao ideal e à vida, O pomo
Áureo
atirando à própria estrela, como
Lá chega a
luz - por uma escada de ouro.
XI
Do mar e das
espumas tu nasceste,
Ó forma
ideal de rodas as belezas,
lnda teu
corpo, mal vestindo-o, veste
Um colar de
marítimas turquesas.
Milhares
d'anos há que apareceste,
Outros
milhares d'almas-sempre acesas
No teu amor,
lá vão seguindo presas
Da rua garra
olímpica e celeste.
Beijo-te a
boca e sigo embevecido
Ondas sobre
ondas, pelo mar afora,
Louco,
arrastado qual os mais têm sido.
Ora te vendo
as formas nuas, ora
Toda nua e
sentir-te em meu ouvido
Do eterno
som dos beijos meus sonora.
Obras:
·
Dicionário gramatical (1889)
·
História do Brasil (1901)
·
Versos (1890)
·
Estudos filológicos (1902)
·
Páginas de estética, ensaios (1905)
·
Frases feitas, filologia (1908)
·
Compêndio de história da literatura brasileira, história literária
(1909)
·
O fabordão, filologia (1910)
·
Colmeia, ensaios (1923)
·
Cartas devolvidas (1926)
·
Curiosidades verbais, filologia (1927)
·
Floresta de exemplos, contos (1931)
·
Goethe (1932)
·
A língua nacional, filologia (1933)
·
Crítica (org. Múcio Leão)
·
Os modernos (1952)
·
Clássicos e românticos brasileiros (1952)
·
Poetas, Parnasianismo e Simbolismo (1957)
·
Autores de ficção (1959)
REFERÊNCIAS:
ROMERO, Sílvio. Parnaso Sergipano – Edição Comemorativa. Aracaju. Editora UFS, 2001.
João Batista Ribeiro de Andrade Fernandes – Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Jo%C3%A3o_Batista_Ribeiro_de_Andrade_Fernandes>. Acesso em 14 de jul. de 2013.
JOÃO RIBEIRO (1860-1934). Disponível em: <http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_brasis/sergipe/joao_ribeiro.html>. Acesso em 14 de jul. de 2013.