Vera Vilar, por Tânia Meneses

 

(Poetiza Vera Vilar)

 

Eu a conhecia de nome, mas, agora sou uma privilegiada em conhecer pessoalmente a mulher que, ao mesmo tempo, é professora, escritora, poeta e anjo. Que bom ter sido apresentada a você, Verinha. Logo recebi de suas mãos diligentes um exemplar da sua obra poética, APNEIA. Lá mesmo, onde nos vimos pela vez primeira, na Escola do Legislativo de Sergipe, fui presenteada.

Nunca consegui adquirir ou ganhar de presente um livro para que logo não o invadisse. A Internet ainda não me privou desse amor que vem comigo desde a minha mais tenra infância. Ainda bem! O que fiz, então? Abri, página a página, a sua obra, fiquei imediatamente fascinada pelo pouco que li. Não se lê um poema somente uma vez, não importa o tamanho físico que ele tem. Li alguns, mas, como fazer a leitura completa de todos? Seria impossível, vez que, nós estávamos em uma reunião em que o Dr. José Anderson Nascimento apresentava aos funcionários da mencionada escola a sua obra única e, por isto, preciosa, Perfis Acadêmicos.

Agora é o momento de me manifestar sobre a sua Poesia. Exatamente como você, “Engulo em seco” e fico apneica pela força de seus versos impactantes. Ah, quanto diz esse pequeno poema de tão somente perfeitas quatro linhas de versos! A poeta sugere engolir em seco um beijo, que, por certo, recebeu ou imaginou receber do objeto do seu desejo. Descobre, lamentavelmente, que o seu (dela) coração, é o “poço minado/de sempre”. Isto não se explica, sente-se, e é esse sentir o milagre da Poesia, da inspiração. Dificilmente, poetas conseguem condensar em tão poucos versos a carga de significados como Vera Vilar. Só este poema poderia ser motivo da elaboração de uma Tese no campo da Literatura.

O segundo poema, intitulado “O beijo” é outra fogueira de sentires que nos invade, que transpõe o sentimento da poeta e penetra em nós. Aqui digo que a Poesia de Vera Vilar pode ser situada entre os poetas do Modernismo e do pós-modernismo. São poemas compactos, profundos e que inviabilizam a leitura oral. Sabemos que há poemas para serem lidos, como os cantantes versos do Classicismo e do Romantismo, lastrados na marcação das rimas. Há poemas, entretanto, que existem para serem lidos com os olhos, ou para serem dramatizados por atores ou atrizes geniais. “O beijo” é engenhosamente arquitetado como um desenho feito com duas palavras, isto mesmo, duas palavras: beijo e boca! Só que no poema propriamente dito, ela usa tão somente o termo boca. Elas, as duas palavras, se aproximam no desenho como uma representação de bocas que se aproximam sôfregas na direção da completude de um sonhado beijo. Se aproximam, se buscam e se encostam, como naquele instante em que um beijo é ainda mais sensual. Em letras maiúsculas a palavra BOCA se junta a outra, que é também boca. Assim: BOCABOCA. O ápice sagrado do beijo se completa no último verso, que é somente BOCA, o que quer demonstrar que o beijo se completou, que as duas BOCAS se tornaram uma.  É, Vera, você me fez pensar em Leminski, em Drummond, Quintana, Ferreira Gullar, Cecília Meirelles, Hilda Hilst, Cora Coralina e Adélia Prado.

Para fechar este simples texto de encantamento, refiro-me ao poema “Aves noturnas”, no qual, dentro de uma figura de estilo inédita e rara, muito rara, o leitor sentirá o milagre de dois olhos que voam na direção de outros olhos, dois olhos famintos que partem ao encontro de outros dois olhos. Magnífico.

Que completa e dona de um estilo personalíssimo é a poeta sergipana VERA VILAR.

 

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Conheça sobre o livro APNÉIA, de Vera Vilar no link abaixo:

 

https://literaturasergipana.blogspot.com/2023/01/livro-apneia-de-vera-vilar.html


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