Por: Allan de Oliveira.
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Os sertanejos estavam preocupados com a
seca. Porém, ocorrera um milagre. A relva e a água voltaram, dando esperanças
àquelas pobres pessoas.
João Piacó, um fazendeiro sergipano,
fora ao municÃpio de Lagarto fazer algumas compras e reuniu uma banda para um
festejo de uma promessa que fizera a São José. Quando houve a seca em 1905,
João Piancó falecera de desgosto por ter perdido os animais e as plantações.
E nessa comemoração a São José o
personagem Geraldo acaba se apaixonando por Josefa, casando-se com ela dois
anos depois.
Após alguns anos, Geraldo e Josefa
estavam com três filhos e passavam fome. “Solução”: tornam-se retirantes.
O casal segue para o municÃpio de
Capela e vivem no Engenho da Ribeira por 17 anos. Nesse meio termo eles tiveram
mais duas meninas e um menino que viera a falecer, sendo que toda famÃlia
trabalhava em casa ou na roça.
Como aquela vida no campo não estava
sendo boa, a famÃlia Corumba vendeu o pouco do que tinha para morarem na
capital de Aracaju a fim de procurarem empregos nas fábricas.
O local onde a famÃlia Corumba morava
era decrépito e bastante apertado e eles tinham de dividir a própria cama com
outros integrantes da famÃlia.
Os Corumbas passam a acordar todos os
dias às 4 horas da manhã para se prepararem e irem ao trabalho nas fábricas.
Mas, as condições de trabalho nas fábricas eram precárias. As jornadas de
trabalho chegavam a 12 horas por dia. E, além disso, operários e operárias
sofriam com a desumanidade de seus superiores. Estes exigiam deles e delas
trabalharem mesmo quando estavam doentes.
No caminho para o trabalho era notada a
pressa das pessoas do Bairro Santo Antônio para ir ao trabalho, bem como outras
localidades como Anipum, Aribé, Saco, Carro Quebrado, Fundição.
“Eram praieiros de São Cristóvão e
Itaporanga; camponeses do Vaza-Barris, da Cotinguiba; sertanejos de Itabaiana e
das caatingas – que, num dia ou noutro, tangidos pela mais áspera miséria, haviam
desertado de seus lares, na esperança de uma vida melhor pelas cidades...”. (FONTES, p. 40)
Os operários ganhavam muito pouco e o
que recebiam só dava para o sustento. Fora isso, algumas operárias sofriam
assédio sexual dos superiores como foi o caso de Albertina Corumba. E a pedido
da mãe, Albertina recorreu ao gerente para denunciar o contramestre Missal.
Porém, o gerente não atendeu as necessidades da moça, sendo despedida da
Sergipe Industrial (hoje o local corresponde ao Aracaju Parque
Shopping).
Albertina segue à Indústria Têxtil e
ver se conseguiria emprego, mas para sua infelicidade, não havia vagas. Com
essa fatalidade o desemprego de Albertina iria trazer consequências à economia
da famÃlia porque deveriam restringirem as despesas, mudarem para uma casa
menor e pagar um aluguel mais barato, e até mesmo retirar do colégios as duas
irmãs menores.
A famÃlia procurou recorrer a pessoas
conhecidas para ver se conseguiam um novo emprego para Albertina. Mas, de nada
valeu a pena.
A pedido de Marocas, Albertina e a mãe foram à procura do advogado Dr. Barros que morava no bairro Santo Antônio. Ele por ser uma pessoa de bom coração, comoveu-se com a situação daquelas mulheres, e como sendo de costume seu, disse que atenderia ao pedido das duas. E Albertina consegue emprego na Têxtil (local que hoje corresponde a Alma Viva).
No livro também é mencionado sobre o
namoro de Rosenda Corumba, mulher com quase 30 anos, com o Cabo Inácio, namoro
esse que preocupava muito a mãe (Sá Josefa) que temia a perda da virgindade da
filha. E nesse contexto havia uma fofoqueira do Bairro Industrial, Maria
Pirambu, que procurava motivos para falar mal das vidas alheias.
Numa visita feita à casa da famÃlia
Corumba, Maria Pirambu adiantou alguns assuntos sobre a vida de alguns
moradores da região e, logo depois, acabou dizendo que as pessoas da região já
estavam falando mal do namoro entre Rosenda e o Cabo Inácio.
Numa noite quando Rosenda retornara a
sua casa sua mãe lhe dera uma grande surra. A partir desta surra, Rosenda
passou a se encontrar muito pouco com o namorado. E num certo dia, o Cabo
Inácio iludira a moça, dizendo que quando se tornasse capitão da polÃcia iria
se casar com ela. Mas, ele fora destacado para ir trabalhar no municÃpio de
Simão Dias, o que deixou a moça muito triste. Percebendo a tristeza e os
lamentos da outra, ele propôs fugir com ela, e assim se deu.
Essa atitude de Rosenda deixou Sá
Josefa muito zangada que se preocupava com as más lÃnguas dos moradores da
região. E quando ocorreu um casamento entre uma moradora do Bairro Industrial
chamada Benedita com um salineiro chamado Manuel. Esse casamento que fora
realizado na Igreja do Santo Antônio chamou a atenção das pessoas postadas à s
portas das suas casas que comentavam o acontecimento:
“Um ao lado do outro, em sua janela,
Geraldo e Sá Josefa tinham assistido com inveja o casamento da vizinha. Não que
a julgassem, por casar, liberta dos trabalhos e canseiras da existência. Sabiam
mesmo, pelo que acontecera com eles próprios, que iria ter os sofrimentos
aumentados.
Mas, afinal, casara... Estava livre
agora de trilhar a mesma sorte de Rosenda... O noivo era pobre. Que fosse um
esmoler! Eles também não desejavam partidos ricos para as filhas. Queriam,
apenas, vê-las casadas! Que depois, com os seus maridos, fossem obrigadas a
lidar por todo o dia, sofressem as mais duras privações... Nada disso
importava: casadas, elas seriam gente! Ninguém fugiria ao seu convÃvio: ninguém
as olharia de través... E não se lhes dariam nunca os nomes, sobretudo
infamantes, de “rapariga” e “mulher-dama”!”. (FONTES, p. 92)
Além desses acontecimentos citados há
também outro ponto importante no livro que é sobre Pedro Corumba.
Esse era um rapaz que trabalhava numa
das fábricas e por intermédio de certo José Afonso, um tipógrafo local que era
socialista que exerce grande influência em Pedro Corumba que passa a se
interessar pelas propostas do movimento operário.
A Sociedade Proletária de Aracaju que
estava inativa, elegeu José Afonso como secretário e ele faz voltar as
atividades do movimento. A partir é fundado o aperiódico O Proletário,
jornal que propunha reformas nas áreas dos trabalhados das fábricas de tecido.
“Levantada nos subúrbios, a fama de
José Afonso cresceu rapidamente, irradiou pela cidade. Aracaju conheceu-o. E
se, por um lado, o admirou, também temeu a sua ação. Ele era o agitador, o
cérebro pensante, capaz de pôr em movimento aquela imensa mole de homens rudes”. (FONTES, p. 89)
Certa vez, Pedro Corumba chegara tarde
em sua casa do trabalho e após terminar a refeição dissera à mãe que fora
promovido pelos patrões a contramestre. Porém, ele se lamentava porque
ganharia, somente, 180 réis por mês quando deveria ganhar mais de 200 réis. No
entanto, Sá Jojefa dissera a ele que o mesmo estava com sorte por causa desse
cargo porque iria trabalhar menos, 8 horas por dia, além dos patrões tratá-lo
como filho. Porém, Sá Josefa temia o fato de Pedro Corumba está se envolvendo
com o movimento operário.
O movimento operário, no entanto,
passou a focar no tema do adicional noturno porque as fábricas colocaram
pessoas para trabalhar à noite sem receber esse adicional.
“Foi assim que se criou para a
Sociedade Proletária o embaraçoso impasse. Se reagisse, pela força, contra os
que se submetessem, teria o revide violento da polÃcia; se afrouxasse, diante
da atitude assumida pelas fábricas, estaria desmoralizada para sempre”. (FONTES, p. 94)
José Alonso mesmo com temperamento
combativo, sabia que teria de enfrentar o poder dos empresários e também a
falta de coragem dos próprios companheiros. Porém, ele continuaria de pé com a
sua ideologia.
Era época de eleições da Câmara Federal
e o Presidente do Estado (o governador de Sergipe) por questões polÃticas, dera
ordens ao delegado geral de Aracaju, Dr. Celestino, para apoiar os chefes da
Sociedade Proletária porque as fábricas desrespeitaram as leis criadas por ele
mesmo.
O Dr. Celestino que já conhecia José
Afonso, o procurou e lhe dera a notÃcia sobre as ordens do presidente do
Estado. José Alonso, sem acreditar, sentiu-se muito feliz e no final da noite
houve uma reunião secreta com quinze companheiros, e entre eles estava Pedro
Corumba.
No dia seguinte as ideias de reformas
foram repassadas aos operários. Porém, muitos deles não as acataram por medo de
perder o emprego ou por serem amigos dos patrões. Assim, no momento em que
muitos trabalhadores e trabalhadoras largaram o serviço, os grevistas os atacaram
no caminho, agredindo-os violentamente.
“As fábricas sentiram, então, toda a
gravidade do perigo. Esqueceram questões de concorrência, que as havia afastado
desde muito, e passaram a deliberar como um só corpo, unidas e solidárias. As
diretorias, incorporadas, foram até a presença do chefe de polÃcia, que
prometeu tomar as mais severas providências”. (FONTES, p. 100)
As investidas dos grevistas
transcorreram por toda semana e a polÃcia não se manifestou. Com isso, o
trabalho noturno das fábricas, acabou cessando.
“A população, no entanto, não se deixou
enganar um só instante. Logo viu que o governo cruzara os braços de propósito.
Compreendeu que tudo aquilo nada mais era que uma consequência da luta
partidária. E protestou. A Associação das Indústrias lançou manifesto,
prestigiando a Têxtil e a Sergipana. O Comércio e as Profissões Liberais a
acompanharam”. (FONTES, p. 100 e seg.)
O Dr. Celestino fora chamado pelo
Presidente do Estado a comparecer ao palácio do governo e o “manda-chuva” logo
adiantara que o plano deles não correra como o esperado por conta das ações
violentas dos grevistas. O fato ocorrido se espalhara e estava nos jornais do
Rio de Janeiro (na época, capital do Brasil). Esses jornais jogaram a
responsabilidade no presidente de Sergipe. Assim, ele mudara totalmente de
posição, dizendo que os grevistas deveriam ser punidos. No entanto, o Chefe de
PolÃcia, Dr. Prado Antunes, iria executar as punições que seriam feitas através
de prisões e deportação, e o Dr. Celestino teria de lhes dar o nome dos
grevistas.
Através das ordens, nove grevistas
foram presos, dentre eles, Afonso e Pedro, que foram levados, secretamente, num
navio sem serem interrogados.
Quando Sá Josefa soubera do ocorrido
com o filho ela ficou preocupada e correra para ver o embarque. Porém, a pobre
mulher chegara tarde demais, justamente na hora em que o navio já estava
partindo. E o navio seguira para o Rio de Janeiro levando os prisioneiros.
“Quando alcançou a Rua da Frente o
vapor ia já dobrando a barra. Ela ficou a olhá-lo até que o viu sumir-se no
horizonte. Uma angústia indizÃvel foi-lhe apertando, pouco a pouco, o coração.
Um tremor nervoso assaltou-a. E teve de se arrimar à balaustrada para não cair
redondamente sobre o solo...”.
(FONTES, p. 109)
Essa deportação de Pedro Corumba
acarretou sérios problemas financeiros para a famÃlia porque ele ajudava em
casa. Com isso, Sá Josefa sugeriu ao marido, tirar Bela da escola e colocá-la
para trabalhar na Têxtil. Mas, o marido temia que a garota poderia adoecer mais
ainda por já ter nascido doente. No entanto, Bela disse que não haveria
problema em trabalhar na fábrica Têxtil.
ACESSE a 2ª parte do resumo no link abaixo:
https://literaturasergipana.blogspot.com/2022/08/resumo-de-os-corumbas-de-amando-fontes_9.html
REFERÊNCIA:
FONTES, Amando. Os Corumbas.
Rio de Janeiro. Editora José Olympio LTDA, 2003. 25ª Ed.
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