Resumo de OS CORUMBAS, de Amando Fontes (Parte 1)

 

(Os Corumbas, de Amando Fontes)

 

Por: Allan de Oliveira.

  contatoallandeoliveira@gmail.com

  

Os sertanejos estavam preocupados com a seca. Porém, ocorrera um milagre. A relva e a água voltaram, dando esperanças àquelas pobres pessoas.

João Piacó, um fazendeiro sergipano, fora ao município de Lagarto fazer algumas compras e reuniu uma banda para um festejo de uma promessa que fizera a São José. Quando houve a seca em 1905, João Piancó falecera de desgosto por ter perdido os animais e as plantações.

E nessa comemoração a São José o personagem Geraldo acaba se apaixonando por Josefa, casando-se com ela dois anos depois. 

Após alguns anos, Geraldo e Josefa estavam com três filhos e passavam fome. “Solução”: tornam-se retirantes. 

O casal segue para o município de Capela e vivem no Engenho da Ribeira por 17 anos. Nesse meio termo eles tiveram mais duas meninas e um menino que viera a falecer, sendo que toda família trabalhava em casa ou na roça. 

Como aquela vida no campo não estava sendo boa, a família Corumba vendeu o pouco do que tinha para morarem na capital de Aracaju a fim de procurarem empregos nas fábricas. 

O local onde a família Corumba morava era decrépito e bastante apertado e eles tinham de dividir a própria cama com outros integrantes da família. 

Os Corumbas passam a acordar todos os dias às 4 horas da manhã para se prepararem e irem ao trabalho nas fábricas. Mas, as condições de trabalho nas fábricas eram precárias. As jornadas de trabalho chegavam a 12 horas por dia. E, além disso, operários e operárias sofriam com a desumanidade de seus superiores. Estes exigiam deles e delas trabalharem mesmo quando estavam doentes. 

No caminho para o trabalho era notada a pressa das pessoas do Bairro Santo Antônio para ir ao trabalho, bem como outras localidades como Anipum, Aribé, Saco, Carro Quebrado, Fundição. 

“Eram praieiros de São Cristóvão e Itaporanga; camponeses do Vaza-Barris, da Cotinguiba; sertanejos de Itabaiana e das caatingas – que, num dia ou noutro, tangidos pela mais áspera miséria, haviam desertado de seus lares, na esperança de uma vida melhor pelas cidades...”. (FONTES, p. 40) 

Os operários ganhavam muito pouco e o que recebiam só dava para o sustento. Fora isso, algumas operárias sofriam assédio sexual dos superiores como foi o caso de Albertina Corumba. E a pedido da mãe, Albertina recorreu ao gerente para denunciar o contramestre Missal. Porém, o gerente não atendeu as necessidades da moça, sendo despedida da Sergipe Industrial (hoje o local corresponde ao Aracaju Parque Shopping). 

Albertina segue à Indústria Têxtil e ver se conseguiria emprego, mas para sua infelicidade, não havia vagas. Com essa fatalidade o desemprego de Albertina iria trazer consequências à economia da família porque deveriam restringirem as despesas, mudarem para uma casa menor e pagar um aluguel mais barato, e até mesmo retirar do colégios as duas irmãs menores. 

A família procurou recorrer a pessoas conhecidas para ver se conseguiam um novo emprego para Albertina. Mas, de nada valeu a pena. 

A pedido de Marocas, Albertina e a mãe foram à procura do advogado Dr. Barros que morava no bairro Santo Antônio. Ele por ser uma pessoa de bom coração, comoveu-se com a situação daquelas mulheres, e como sendo de costume seu, disse que atenderia ao pedido das duas. E Albertina consegue emprego na Têxtil (local que hoje corresponde a Alma Viva).  


 

No livro também é mencionado sobre o namoro de Rosenda Corumba, mulher com quase 30 anos, com o Cabo Inácio, namoro esse que preocupava muito a mãe (Sá Josefa) que temia a perda da virgindade da filha. E nesse contexto havia uma fofoqueira do Bairro Industrial, Maria Pirambu, que procurava motivos para falar mal das vidas alheias. 

Numa visita feita à casa da família Corumba, Maria Pirambu adiantou alguns assuntos sobre a vida de alguns moradores da região e, logo depois, acabou dizendo que as pessoas da região já estavam falando mal do namoro entre Rosenda e o Cabo Inácio. 

Numa noite quando Rosenda retornara a sua casa sua mãe lhe dera uma grande surra. A partir desta surra, Rosenda passou a se encontrar muito pouco com o namorado. E num certo dia, o Cabo Inácio iludira a moça, dizendo que quando se tornasse capitão da polícia iria se casar com ela. Mas, ele fora destacado para ir trabalhar no município de Simão Dias, o que deixou a moça muito triste. Percebendo a tristeza e os lamentos da outra, ele propôs fugir com ela, e assim se deu. 

Essa atitude de Rosenda deixou Sá Josefa muito zangada que se preocupava com as más línguas dos moradores da região. E quando ocorreu um casamento entre uma moradora do Bairro Industrial chamada Benedita com um salineiro chamado Manuel. Esse casamento que fora realizado na Igreja do Santo Antônio chamou a atenção das pessoas postadas às portas das suas casas que comentavam o acontecimento: 

“Um ao lado do outro, em sua janela, Geraldo e Sá Josefa tinham assistido com inveja o casamento da vizinha. Não que a julgassem, por casar, liberta dos trabalhos e canseiras da existência. Sabiam mesmo, pelo que acontecera com eles próprios, que iria ter os sofrimentos aumentados. 

Mas, afinal, casara... Estava livre agora de trilhar a mesma sorte de Rosenda... O noivo era pobre. Que fosse um esmoler! Eles também não desejavam partidos ricos para as filhas. Queriam, apenas, vê-las casadas! Que depois, com os seus maridos, fossem obrigadas a lidar por todo o dia, sofressem as mais duras privações... Nada disso importava: casadas, elas seriam gente! Ninguém fugiria ao seu convívio: ninguém as olharia de través... E não se lhes dariam nunca os nomes, sobretudo infamantes, de “rapariga” e “mulher-dama”!”. (FONTES, p. 92) 

Além desses acontecimentos citados há também outro ponto importante no livro que é sobre Pedro Corumba. 

Esse era um rapaz que trabalhava numa das fábricas e por intermédio de certo José Afonso, um tipógrafo local que era socialista que exerce grande influência em Pedro Corumba que passa a se interessar pelas propostas do movimento operário. 

A Sociedade Proletária de Aracaju que estava inativa, elegeu José Afonso como secretário e ele faz voltar as atividades do movimento. A partir é fundado o aperiódico O Proletário, jornal que propunha reformas nas áreas dos trabalhados das fábricas de tecido. 

“Levantada nos subúrbios, a fama de José Afonso cresceu rapidamente, irradiou pela cidade. Aracaju conheceu-o. E se, por um lado, o admirou, também temeu a sua ação. Ele era o agitador, o cérebro pensante, capaz de pôr em movimento aquela imensa mole de homens rudes”. (FONTES, p. 89) 

Certa vez, Pedro Corumba chegara tarde em sua casa do trabalho e após terminar a refeição dissera à mãe que fora promovido pelos patrões a contramestre. Porém, ele se lamentava porque ganharia, somente, 180 réis por mês quando deveria ganhar mais de 200 réis. No entanto, Sá Jojefa dissera a ele que o mesmo estava com sorte por causa desse cargo porque iria trabalhar menos, 8 horas por dia, além dos patrões tratá-lo como filho. Porém, Sá Josefa temia o fato de Pedro Corumba está se envolvendo com o movimento operário. 

O movimento operário, no entanto, passou a focar no tema do adicional noturno porque as fábricas colocaram pessoas para trabalhar à noite sem receber esse adicional. 

“Foi assim que se criou para a Sociedade Proletária o embaraçoso impasse. Se reagisse, pela força, contra os que se submetessem, teria o revide violento da polícia; se afrouxasse, diante da atitude assumida pelas fábricas, estaria desmoralizada para sempre”. (FONTES, p. 94) 

José Alonso mesmo com temperamento combativo, sabia que teria de enfrentar o poder dos empresários e também a falta de coragem dos próprios companheiros. Porém, ele continuaria de pé com a sua ideologia. 

Era época de eleições da Câmara Federal e o Presidente do Estado (o governador de Sergipe) por questões políticas, dera ordens ao delegado geral de Aracaju, Dr. Celestino, para apoiar os chefes da Sociedade Proletária porque as fábricas desrespeitaram as leis criadas por ele mesmo.

 

 

O Dr. Celestino que já conhecia José Afonso, o procurou e lhe dera a notícia sobre as ordens do presidente do Estado. José Alonso, sem acreditar, sentiu-se muito feliz e no final da noite houve uma reunião secreta com quinze companheiros, e entre eles estava Pedro Corumba. 

No dia seguinte as ideias de reformas foram repassadas aos operários. Porém, muitos deles não as acataram por medo de perder o emprego ou por serem amigos dos patrões. Assim, no momento em que muitos trabalhadores e trabalhadoras largaram o serviço, os grevistas os atacaram no caminho, agredindo-os violentamente. 

“As fábricas sentiram, então, toda a gravidade do perigo. Esqueceram questões de concorrência, que as havia afastado desde muito, e passaram a deliberar como um só corpo, unidas e solidárias. As diretorias, incorporadas, foram até a presença do chefe de polícia, que prometeu tomar as mais severas providências”. (FONTES, p. 100) 

As investidas dos grevistas transcorreram por toda semana e a polícia não se manifestou. Com isso, o trabalho noturno das fábricas, acabou cessando. 

“A população, no entanto, não se deixou enganar um só instante. Logo viu que o governo cruzara os braços de propósito. Compreendeu que tudo aquilo nada mais era que uma consequência da luta partidária. E protestou. A Associação das Indústrias lançou manifesto, prestigiando a Têxtil e a Sergipana. O Comércio e as Profissões Liberais a acompanharam”. (FONTES, p. 100 e seg.) 

O Dr. Celestino fora chamado pelo Presidente do Estado a comparecer ao palácio do governo e o “manda-chuva” logo adiantara que o plano deles não correra como o esperado por conta das ações violentas dos grevistas. O fato ocorrido se espalhara e estava nos jornais do Rio de Janeiro (na época, capital do Brasil). Esses jornais jogaram a responsabilidade no presidente de Sergipe. Assim, ele mudara totalmente de posição, dizendo que os grevistas deveriam ser punidos. No entanto, o Chefe de Polícia, Dr. Prado Antunes, iria executar as punições que seriam feitas através de prisões e deportação, e o Dr. Celestino teria de lhes dar o nome dos grevistas. 

Através das ordens, nove grevistas foram presos, dentre eles, Afonso e Pedro, que foram levados, secretamente, num navio sem serem interrogados. 

Quando Sá Josefa soubera do ocorrido com o filho ela ficou preocupada e correra para ver o embarque. Porém, a pobre mulher chegara tarde demais, justamente na hora em que o navio já estava partindo. E o navio seguira para o Rio de Janeiro levando os prisioneiros. 

“Quando alcançou a Rua da Frente o vapor ia já dobrando a barra. Ela ficou a olhá-lo até que o viu sumir-se no horizonte. Uma angústia indizível foi-lhe apertando, pouco a pouco, o coração. Um tremor nervoso assaltou-a. E teve de se arrimar à balaustrada para não cair redondamente sobre o solo...”. (FONTES, p. 109) 

Essa deportação de Pedro Corumba acarretou sérios problemas financeiros para a família porque ele ajudava em casa. Com isso, Sá Josefa sugeriu ao marido, tirar Bela da escola e colocá-la para trabalhar na Têxtil. Mas, o marido temia que a garota poderia adoecer mais ainda por já ter nascido doente. No entanto, Bela disse que não haveria problema em trabalhar na fábrica Têxtil. 

 

ACESSE a 2ª parte do resumo no link abaixo: 

https://literaturasergipana.blogspot.com/2022/08/resumo-de-os-corumbas-de-amando-fontes_9.html 

 

REFERÊNCIA

FONTES, Amando. Os Corumbas. Rio de Janeiro. Editora José Olympio LTDA, 2003. 25ª Ed.

 

 

Ajude o blog com um PIX de Apoio, enviando para a chave PIX abaixo:

 

daafcd62-fe24-44f0-a9ea-ecad84f14e87

 

 

Postar um comentário

Postagem Anterior Próxima Postagem

Formulário de contato