(Fonte
da foto: https://www.destaquenoticias.com.br/sergipana-escritora-comunista-e-silenciada/)
Por: Allan de Oliveira.
contatoallandeoliveira@gmail.com
Alina Leite Paim foi professora, escritora, comunista
e feminista. Nasceu em Estância a 10 de outubro de 1919. Sendo filha de Manuel
Vieira Leite e de Dona Maria Portela de Andrade Leite. Aos 3 meses de idade,
mudou-se com a família para Salvador. Perdeu a mãe aos cinco anos, vítima de
tuberculose, e Alina Paim retornou a Sergipe com o pai, indo morar na casa dos
avós paternos em Simão Dias que lhe deram uma educação muito rigorosa. Estudou
o Ensino Fundamental I na Escola Menino Jesus e, posteriormente, no Grupo
Escolar Fausto Cardoso onde recebeu formação religiosa. No ano de 1932, ela
retornou a Salvador, estudando no colégio de freiras Nossa Senhora da Soledade.
É quando ela começa a escrever seus primeiros textos aos 12 anos no jornal
desse colégio até se formar como professora.
Alina Paim leciona em Salvador numa escola pública da
periferia, convivendo com a miséria das crianças e com as dificuldades da
educação brasileira na década 30. Ela passa por problemas pessoais por causa de
conflitos familiares, entrando num quadro de profundo stress, sendo internada
em um sanatório, onde permaneceu por três meses. E recebendo os cuidados do
psiquiatra Isaías Paim, com quem chegou a se casar em 1943, morando com ele no
Rio de Janeiro nos anos 40. Época que fez amizade com Graciliano Ramos que
corrigiu os seus três primeiros Romances.
Publicou o seu primeiro Romance Estrada da Liberdade
em 1944, que teve grande repercussão e a primeira edição se esgotou
rapidamente, num período de quatro meses.
A autora escreveu também um programa infantil chamado
“No Reino da Alegria” para a rádio do Ministério da Educação e Cultura. Fundou
a revista Tempo, em 1948. Chegando a ser incluída no grupo de escritoras da
“Nova Literatura Brasileira” ao lado de Helena Silveira, Lúcia Benedetti, Elsie
Lessa, Lia Correia Dutra, Elisa Lispector, Ondina Ferreira, entre outras. E em
1961, recebeu o Prêmio “Antônio de Almeida” da Academia Brasileira de Letras
por causa do seu romance O Sol do Meio-Dia.
Em sua literatura estão presentes os interesses
humanos de sentido político e social, sendo abordadas temáticas diversas que
dão prioridade às personagens que buscam respeito e participação na produção
cultural, mostrando a problemática da mulher em diferentes situações, e
defendendo os ideais do Feminismo. Como também a ideologia Comunista presente
nas suas obras com o intuito de ser defendida a igualdade para todos e ser
denunciado as mazelas sociais.
“Alina é uma romancista que escreve com naturalidade,
conta a sua história com um gosto e emoção crescente, conseguindo captar o que
há de duradouro e de eteno na criatura humana. Denunciando a história de várias
criaturas, cujos pequenos dramas ganham enormes proporções, porque exprimem
toda espécie de mutilação de uma sociedade rural, como no romance Simão Dias”.
(A ROMANCISTA ALINA PAIM – Por Gilfrancisco)
A escritora fez parte do Partido Comunista Brasileiro
(PCB), chegando a entrevistar grevistas que participaram do movimento
ferroviário do Vale do Paraíba em 1949, através de uma viagem paga pelo próprio
partido. Viajando também para a Rússia em 1950 para representar o seu partido
em Moscou nas festividades do 1º de Maio, o Dia do Trabalhador¹. Mas, nessa
outra viagem ela foi ajudada financeiramente pelo artista plástico Cândido
Portinari.
Durante a Ditadura Militar foi perseguida por ter
sido integrante do PCB e por causa da sua militância feminista. É também nesse
período que ela traduziu textos marxistas de Lenin e colaborou em jornais de
Sergipe, da Bahia, e do Rio de Janeiro.
A autora escreveu 10 Romances, e 4 infantis, e alguns
deles foram editados na Rússia, China, Bulgária, e Alemanha. E além de sua obra
ter recebido crítica favorável que coloca a autora entre as melhores
romancistas nacionais e internacionais da sua geração. Infelizmente, ela ficou
pouco conhecida no Brasil, tanto nos meios acadêmicos quanto no público em
geral. E como consta no artigo científico Alina Paim, uma romancista esquecida
nos labirintos do tempo escrito por Ana Maria Leal Cardoso: “O motivo não se
sabe ao certo; talvez pelo fato de ela ser comunista e suas obras estarem
repletas de denso teor socialista (naquela época, um compromisso com o PCB) que
reivindica direitos iguais para todos, o que não agradava nem ao governo e nem
aos empresários do mundo editorial e artístico”.
OBRA
ROMANCES
* A Estrada da Liberdade (1944).
* Simão Dias [com prefácio de Graciliano Ramos]
(1949)
* A sombra do patriarca (1950).
* A hora próxima (1955).
* Sol do meio-dia (1961).
* O círculo (1965).
* O sino e a rosa (1965).
* A chave do mundo (1965).
* A Sétima Vez (1975)
* A correnteza (1979).
* A sétima vez (1994).
OBRAS
INFANTIS
* O lenço encantado (1962)
* A casa da coruja verde (1962)
* Luzbela vestida de cigana (1963)
* Flocos de algodão (1966)
* O chapéu do professor (1966).
REFERÊNCIA:
ALINA PAIM. In:
Wikipédia – A Enciclopédia Livre. Disponível em:
<https://es.wikipedia.org/wiki/Alina_Paim>. Acesso 04 de set. de 2017
ALINA Paim.
In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú
Cultural, 2017. Disponível em:
<http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa519577/alina-paim>. Acesso
em: 05 de Set. 2017. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7
Alina Paim, uma
romancista esquecida nos labirintos do tempo – artigo científico escrito por
Ana Maria Leal Cardoso. Disponível em:
<http://www.periodicos.letras.ufmg.br/index.php/aletria/article/view/1535/1631>.
Acesso em 04 de set. de 2017
A ROMANCISTA
ALINA PAIM – Por Gilfrancisco. In: O arquivo de
Renato Suttana. Disponível em:
<http://www.arquivors.com/gilfrancisco7.htm>. Acesso em 05 de set. de
2017.
Sergipana,
escritora, comunista e silenciada. In: Destaque
Comunicação. Disponível em:
<https://www.destaquenoticias.com.br/sergipana-escritora-comunista-e-silenciada/>.
Acesso em: 04 de set. de 2017
______________________________________
¹ O 1º de Maio sempre foi considerado o “Dia do
Trabalhador” desde a sua criação em 1888 e não “Dia do Trabalho” como mudaram
nos calendários de uns anos para cá. (Nota do administrador deste blog)
legak
ResponderExcluir