Por: Allan de Oliveira.
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Recentemente o escritor
sergipano Antonio Menrod que mora no Rio de Janeiro lançou duas obras, sendo elas concepções de uma imaginação e lições de missionariedade.
A obra concepções de uma imaginação está
composta por duas peças teatrais, “O Novelista” e “Canções de Guerra”, mais a
sinopse de uma novela televisiva chamada “Memória da Pele”. O cenário das histórias
é o Rio de Janeiro. E esse livro foi premiado no concurso Prêmio Palavrador de
Teatro.
A peça que abre o livro concepções de uma imaginação é um
monólogo e conta sobre o novelista Abner Gouveia que por vinte anos trabalhou
como roteirista colaborador e tem como sonho se tornar um roteirista titular de
novelas da TV, e o cenário é a quitinete do próprio personagem com referência a
personagens bíblicos (característica do próprio autor).
A história se inicia
quando Abner Gouveia retornava do velório do titular de uma novela das 21h “Memória
da Pele”, Rodney Câmara, e o primeiro recebe um telefonema com a notícia de que
se tornará o titular por causa da morte do outro. O personagem central vê seu
sonho se tornando realidade, mas, ele passa a se sentir culpado pela morte de
Rodney Câmara por ter recorrido aos rituais de feitiçaria para concretizar o
seu sonho. Para tanto, o personagem passa a se lamentar diante do quadro da
falecida mãe.
Há toques de humor
modernos presentes nessa primeira peça de O
Novelista como vemos em seguida:
“ABNER GOUVEIA – (Após soltar a fumaça do charuto pela boca)
Mamãe, já sei! É isso que farei para recompensar todo o seu sacrifício de puta,
num lupanar de Copacabana, para que eu tivesse a melhor formação acadêmica.
(...) É preciso que todos saibam que graças a buceta da minha mãe, eu cheguei
ao horário nobre de televisão brasileira como autor titular de uma novela”.
(MENROD, p. 29)
E também mais toques de
humor são vistos nestes outros trechos:
“Um bom autor de novela, no mínimo, ele tem que ser mother fucker. E eu sou, literalmente, um filho da puta. (Pausa) Porque não é para qualquer um grudar a bunda. (Pega a cadeira, a traz para o centro do palco e senta) Grudar a bunda mais de quinze horas por dia nesta cadeira e escrever quarenta laudas, todos os dias, quer chova ou faça sol. (...) Haja bunda! A bunda do novelista fica achatada... (...) e ainda por cima ter enorme sucesso de audiência, tem que ser boa “pra caralho”.”. (MENROD, p. 30 e seg.)
Ainda na peça O Novelista
são encontradas palavras estrangeiras que dão elegância ao texto como: ma
chérie, know-how, mise-em-scène, quelle mervcille, trending topics, s’il vous,
high society, Darling... Bem como palavrões em inglês: shit, motherfucker,
fucking great. Uma forma técnica de unir o clássico ao moderno.
A próxima peça, Canções de Guerra, se passa no ano de
1981 em fins da Ditadura Militar e conta sobre uma professora de música chamada
Clarissa que ao sair do trabalho foi levada por agentes do DOI-CODI (Centro de
Operações de Informações do Centro de Defesa Interna) para ser interrogada. O
cenário é uma sala de interrogações e Clarissa é interrogada por um
tenente-coronel que a interroga por ela ter usado em sala de aula músicas de
Chico Buarque e de Caetano Veloso, músicas que foram consideradas em oposição
ao Regime Militar, e também por ela ter feito o prefácio de um livro que foi
censurado. A professora sofre tortura física e psicológica, e é estuprada, além
de outras tragédias que ocorrem ao percurso da história. Um detalhe importante
nessa peça é a metáfora que o autor criou com a gatinha da professora chamada
Esperança como podemos ver neste trecho abaixo:
“PROFESSORA MAESTRINA
CLARISSA – (Com Esperança nos braços) Esperança... Esperança... Não me deixe,
não vá embora, Esperança! Ai, meu Deus, minha Esperança está morta. A centelha
da minha vida se apagou”. (MENROD, p. 64)
Quanto à sinopse da
novela Memória da Pele é contado
sobre uma presidiária chamada Ercília Cruz que deu a luz ao filho na
penitenciária e por não ter família o bebê ao completar dois anos de idade foi
entregue para adoção. A única lembrança que Ercília tem do filho é uma tatuagem
dele no braço e ao sair da prisão ela lutará para reencontrar o filho. Ao
reencontrá-lo o filho se tornou um ambicioso, metido a Bom Vivant, e Ercília
Cruz irá trabalhar na casa dele como doméstica, sem revelar sua identidade,
receando ser rejeitada pelo mesmo. Nessa sinopse também é contado sobre a
origem da personagem central, nascida em Sergipe, que perdeu a família num
acidente de ônibus, passando a morar na rua, as dificuldades que sofreu,
morando depois num quartinho com um rapaz lavador de carros até engravidar dele
e se envolverem com tráfico de entorpecentes.
Já a obra lições de missionariedade é de autoria
de Natham Benson e foi traduzida por Antonio Menrod. Trata-se de um livro com
ensinamentos cristãos repleto de passagens bíblicas fundamentadas na doutrina
do Catolicismo, comentários do autor abaixo das passagens bíblicas, bem como
frases de autores clássicos e filósofos como São Tomás de Aquino, George Sand,
Mahatma Gandhi, entre outros.
Para conhecer um pouco
mais sobre esse autor acesse a postagem Antonio
Menrod: "Um autor do nosso tempo" do presente blog que está neste
link http://literaturasergipana.blogspot.com.br/2015/01/antonio-menrod-um-autor-do-nosso-tempo.html
e também o blog do próprio autor neste outro link http://oratorioantoniomenrod.blogspot.com.br/.
REFERÊNCIAS:
MENROD,
Antônio. Concepções de uma imaginação.
Rio de Janeiro. Quártica Editora, 2015.
MENROD,
Antônio. Lições de Missionariedade.
Rio de Janeiro. Quártica Editora, 2015.