Advogada Sthepane Loureiro)
Por: Allan de Oliveira.
contatoallandeoliveira@gmail.com
Stephane
Gonçalves Loureiro nasceu em 01 de novembro de 1987 em Aracaju, sendo filha de
Maria Lúcia de Souza Gonçalves e Ricardo Loureiro Pereira. Tem como profissões
a de advogada, consultora jurídica, e jornalista. Nas horas vagas escreve poemas
e prosa. É influenciada pela doutrina espírita e pelo regionalismo. Graduada em
Direito pela UNIT (Universidade Tiradentes), contribui como colunista e
diretora jurídica no Jornal O Povão (http://www.jornalpovao.com.br/)
e também escreve poemas em seu blog: http://spleenbyster.blogspot.com.br.
Recentemente
lançou o Romance Dor e Redenção cuja
estória está focada no perdão como forma de recomeço para a vida humana. No
entanto, o livro mostra, além disso. Trata-se de um Romance Espírita cujo enredo
conta a história de um casal de advogados, Luciano e Lígia, e o cenário é o
próprio Estado de Sergipe. O advogado morre num acidente automobilístico e a narração,
a princípio, não é feita de forma cronológica, mas com o uso frequente de
flashs, para depois tomar a forma linear, estando focado na solidariedade cristã
da doutrina kardecista, uma temática inovadora para autores sergipanos.
O ambiente
descrito é fascinante, de acordo com a crença espírita estando repleto de
pessoas vivas (encarnados) e pessoas mortas (desencarnados) com episódios
surpreendentes, mesclando o mundo do além com certo romantismo, visando também
o labor dedicado por espíritos de luz que procuram ajudar na evolução
espiritual de encarnados e desencarnados, bem como a presença de espíritos
maléficos que arquitetam maldades a alguns personagens do livro, alimentados
por sentimentos de ódio e de vingança, dando certo clima de suspense à estória.
E o desenrolar do Romance conduz a uma aventura surpreendente que leva o leitor
a um ambiente imaginário.
“Enquanto
falavam, gemidos pavorosos escapavam do túmulo:
- Me tirem daqui, eu não aguento mais, os
vermes estão me consumindo, socorro! – gritava o infeliz, desesperado.
Bruno, diante do olhar estupefato que Luciano
dirigia à lápide, falou:
- Não sei se você sabe, mas quem comete
suicídio, como é o caso deste pobre coitado aqui, o Ciro, muitas vezes passa
ainda um bom tempo, preso ao corpo. No momento do ato tresloucado, os laços que
o prendiam ao vínculo corpóreo não foram totalmente desligados, já que não era
a hora do seu desencarne”. (LOUREIRO, p. 44)
“Impressionante como as pessoas perdem tanto
tempo, agastando-se por dinheiro, status, glamour – estas paixões levianas e
infrutíferas – se todos nós acabamos do mesmo modo que nascemos para esta vida:
despidos e igualados. Meu Deus, somos iguais em tudo! Apenas diferencia-nos, um
dos outros, o conhecimento adquirido, os valores morais, inalienáveis, que
carregamos para esta nova condição”. (LOUREIRO, p. 47)
“Ambos entraram no recinto fracamente
iluminado. Era um grande salão, onde se via fileiras de cadeiras ocupadas tanto
por encarnados, quanto desencarnados. Luciano deteve o olhar, justamente nestes
últimos, que ocupavam assentos que não eram visíveis pelos presentes ainda
cativos no invólucro corpóreo.
Assim, sentaram-se os dois amigos bem
próximos à mesa onde se daria a reunião e observaram a tudo, atentos.
Havia diversos espíritos presentes no grande
salão, ultrapassando o número de encarnados no recinto. Uns apresentavam
carantonhas horrorosas, cheias de sofrimento. Alguns choravam, outros,
profundamente desequilibrados, ainda gritavam de quando em vez, impropérios
desesperados – ao que eram prontamente acalmados pelos colaboradores do local”. (LOUREIRO,
p. 53)
“- Eu procurei, por meio de diversas
contrariedades e decepções, enfraquecê-lo fisicamente e emocionalmente. O que não
foi difícil, porque ele, de qualquer modo, levava uma vida de desregramentos
físicos e morais. Nunca dera grande importância à saúde. Aos poucos e
continuamente, minei suas defesas psicológicas, assoberbando-o de
contrariedades diversas. Passei a assumir o controle da sua vida, por assim
dizer, concorrendo para todos os seus objetivos fracassassem. Então, a amargura
do dia-a-dia, o desgaste físico dos seus excessos de álcool e fumo e o meu
constante e sutil assédio deletério, influenciando-o psiquicamente,
enfraqueceram seu organismo de tal modo, e em específico o sistema
cardiovascular, ao ponto de provocar em Dietrich um infarto fulminante, o que o
fez desencarnar prematuramente! Ele permanecera ainda por longo período preso
ao corpo físico, acompanhando sua decomposição”. (LOUREIRO,
p. 174 e seg.)
Além disso,
no livro também está contida certa denúncia referente ao preconceito em relação
às diferenças sociais, buscando mostrar a luta do bem contra o mal. E a autora
mesma revela: “Nunca pretendi que as
minhas palavras fossem verdades absolutas em nada. Todavia, tenho desejado
ardentemente, em cada um dos meus dias, que as minhas palavras falem a minha
verdade e que ela seja de algum modo ouvida e toque o coração das pessoas. E
que essa verdade singela, transmita a delicada mensagem do amor, da esperança,
da fé no futuro e, sobretudo, do perdão”. (Nota da autora)
Em o jornal O Povão Nº 652 de julho de 2015, a
autora revela: “Quando escrevi “Dor e
Redenção”, em meados do ano de 2010, minha primeira empreitada séria no mundo
da prosa literária – ainda que, desde muito jovem, tenha me dedicado com afinco
ao universo da poesia – procurei aproximar a ficção politicamente incorreta, do
sério dilema multimilenar enfrentado pelo ser humano de todos os séculos: o
grave desafio do perdão libertador – aquele que alija o espírito sobrecarregado
do peso inútil da amargura. O único remédio capaz de liberar o homem para o
recomeço e a verdadeira reforma íntima.
De modo que, a publicação deste Romance
representa a concretização da minha missão pessoal de fazer das palavras
instrumento de auxílio ao próximo e do desejo de quem dedicou-se uma vida
inteira ao ofício das palavras, nessa dura saga de colocar os sentimentos no
papel (de uma forma ou de outra).
Ainda que não se trate de uma obra
autobiográfica – afinal, romance é necessariamente ficção – e sem qualquer
intenção de que as ideias delineadas no livro sejam fieis reproduções de
qualquer conceito filosófico ou religioso, tenho certeza de que não há como não
identificar-se com o drama dos personagens centrais. Afinal, o perdão é
universal”.
Quanto aos
seus poemas, a autora afirma ter sido influenciada na juventude pela poetisa da
Amazônia, Violeta Branca. Começando a escrever poemas aos 11 anos.
O ANIMAL
Com o tempo,
o coração se acostuma.
Sobram
teorias, lembranças, vestígios.
A velha
música exaustivamente repetida,
Deixa de
fazer tanto sentido.
O peito não
dispara quando toca o telefone
A memória do
rosto se desfaz aos poucos.
Esquecem-se
promessas.
O cheiro não
resiste mais, insolente, na pele.
A cama,
desfeita, deixa de ser apenas um lugar vazio.
Lágrimas, de
quando em vez, escorrem, sem desespero.
Sem razão,
passa-se a olhar em volta.
Outros
sorrisos preenchem todos os espaços.
Outros
corpos pesam sobre o meu.
Outras
carícias despertam o animal.
Repentinamente,
desejos são satisfeitos.
Álcool,
calor e barulho.
Desvairos
alheios e encantadoras incertezas.
Loucura,
seduzir convém.
Vazio,
esquecer convém.
Olhos
fechados.
Silêncio por
dentro de tudo.
Não é preciso
pensar.
POEMA XXI
Preciso
esquecer-me de mim.
Preciso
ausentar-me deste peito devastado.
Ando
demasiadamente cansado.
Onde, Deus,
estará o alento?
É-me
possível vencer a dor e camuflar
Esta
cicatriz sanguinolenta?
Sim, preciso
ser um pouco menos egoísta.
Quem sou
para queixar-me de minhas dores
Se tantos
outros infelizes do mundo
Ocultam suas
feridas e choram copiosamente
Calados?
Deus,
arranca-me das garras do egoísmo!
Esta chaga
horrenda ostentada pela humanidade,
Mouca
encegueirada,
Quando
tantas mães anônimas, desesperançadas,
Ouvem
impotentes os gritos incontidos de seus famintos infantes!
Devo vestir
minha armadura
Empunhar a
espada da coragem
E extirpar o
desalento
Do seio do
mundo.
O único modo
de aplacar a dor
Dos sonhos
perdidos
É amando aqueles
a que Deus
Concedeu
provas bem maiores.
É preciso
amparar os desgraçados do mundo!
Eis o único
modo de obter a felicidade.
Preciso
fechar os olhos às minhas amarguras.
Há outros
que precisam muito mais que eu
De piedade.
Ster
Loureiro
(20/10/08)
OBRA:
Dor e Redenção (2015)
REFERÊNCIAS:
LOUREIRO, Stephane. Dor e Redenção. Aracaju, Infographics, 2015.
http://spleenbyster.blogspot.com.br/. Acesso em: 26 de ago. de 2015.