Por: Allan de Oliveira.
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Jeová Silva
Santana nasceu em Aracaju em 17 de outubro de 1961, sendo filho de José de
Santana e Dona Luzinete Silva Santana. É graduado em Letras Vernáculas pela UFS,
mestre em Teoria Literária pela Universidade Estadual de Campinas e doutor em Educação
pela P.U.C.
Ganhou
prêmios literários de Primeiro Lugar em 1984 e 1986 no Concurso de Literatura
da Universidade Federal de Sergipe, bem como no I e II Concurso de Poesia pela
Secretaria Municipal de Cultura do Estado de Sergipe em 1986 e 1987 em que os
poemas foram classificados entre os dez melhores, bem como o Prêmio Banese de
Literatura, além de ter sido homenageado no IX Prêmio Tobias Barreto de Poesia.
Suas influências
para escrever se deram, a princípio, no Bairro Santo Antônio e na famosa “Rua
da Frente” (Av. Ivo do Prado). Posteriormente, teve como cenário das
influências, o metrô de São Paulo.
O escritor
Jeová Santana escreve prosa e poesia, autor das obras Dentro da Casca, A Ossatura,
Inventário de Ranhuras, Poemas Passageiros, além de ter publicações em
jornais e revistas.
Trabalha
como professor na rede Estadual de Sergipe e na Fundação Universidade Estadual
de Alagoas. Apresentava de um programa, “Mestres e Músicas”, na rádio Aperipê
FM, além de ter sido colunista em alguns jornais como o antigo “Jornal da
Manhã”, “Cinform”, e criador do evento “O poeta, o vinho, e o violão”.
OBRAS:
Contos:
Dentro da Casca (1993)
A Ossatura (2002)
Inventário de Ranhuras (2006)
Poemas:
Poemas Passageiros (2011)
UM AMOR NO MARCOS FREIRE III
Sábado,
quase oito da noite, terminal do D.I.A. Maior galera esperando o 030. Ela, de
lado. Ele com o menino mais novo escanchando no braço. O mais velho fica
beirando. Pintou a bronca: “Acha pouco eu com esse peso todo e você ainda vem
se encostar!”. Ela não disse nada. O ônibus chegou. Pela demora, teve até
aplausos. Empurra-empurra na porta traseira. Uma gritou: “Como vou subir com
vocês me apertando?”. Na hora da partida soa o “para, para!”. Uma velhinha diz
que pegou errado e desce falando “sangue de Jesus tem poder!”. Finalmente a
caminho. Um guri em cada colo. Visitar a sogra, esse suplício. No percurso
algumas imagens: quatro funcionários de uma funerária matando uma pizza no capô
do carro. Uns guris cheirando cola numa boa. Uma maluca dançando sozinha num
bar. Uma gorda metendo o dedo na cara de um casal. Um velho com um buquê. Um
cachorro com três pernas. Um bando de “tudo-é-pecado”, com suas saias longas,
saindo da Igreja Remanescente Lírio do Vale. Um engravatado, num carrão massa,
saindo do beco da maconha. Uns caras jogando futevôlei. Boas vidas!
De manhã,
ela estendeu o braço e encontrou o vazio. Na mesa da sala, o bilhete: “Tô
caindo fora. Você é muito longe!”.
Antes assim,
do que fazer como um da outra rua, que encheu de pregos de madeira para ser
maior o estrago na cara da infeliz. Toda pinicada! Um trabalhão pros caras do
IML.
CERTAS PALAVRAS
Palavras duras
duram na memória
Seu talho é fundo
qual faca no peixe
Palavras duras
ferem sem piedade
Até os poetas
lidam mal com elas
Palavras duras
o vento não leva
Palavras escritas
doem na vista
Palavras duras
devem ficar no cofre
O preço da desdita
só sabe quem sofre
Palavras duras
em ouças delicadas
São tão doídas
feito marradas
Palavras duras
não têm medidas
Ditas de chofre
desmantelam
vidas
REFERÊNCIAS:
BIOGRAFIA - ESCRITOR SERGIPANO JEOVÁ SANTANA. In: http://tobiasnanet.blogspot.com.br/2013/07/escritor-sergipano-jeova-santana.html. Acesso:19 de fev. de 2014.
POESIA SERGIPANA - Brasília, 1988 - Antologia org. por José Olyntho e Márcia Maria.
SANTANA, Jeová. Inventário de Ranhuras. Brasília. LGE Editora, 2006.