ANTÔNIO MENROD, um autor do nosso tempo


(Antônio Menrod, escritor brasileiro)
Foto: Óleo sobre tela de Paullo Ramos.

 

Por: Allan de Oliveira.

contatoallandeoliveira@gmail.com

 

O professor, poeta, escritor, dramaturgo, jornalista, pensador, filósofo, humanista, e pesquisador histórico Antônio Menrod, nasceu a 28 de fevereiro de 1966 no município sergipano de Salgado. Desde a infância ele teve contato com o universo literário, a leitura de gibis, jornais, cordéis, e demais gêneros. Aos 9 anos, leu o grande clássico português O Crime do Padre Amaro do autor português Eça de Queirós, isso mostra o seu fascínio pelas belas artes e também pela religião tal como é dito no posfácio da peça teatral A Filha do Cardeal, posfácio elaborado pelo poeta, compositor e músico, Célio Barbosa: “Desde criança aprendeu a conviver com a caneta, com o palco e com o altar, profundamente religioso que é”. (BARBOSA Apud MENROD, 2013. p. 93).

O primeiro contato que Antônio Menrod teve com um artista literário foi com a consagrada poetisa sergipana Carmelita Fontes de quem fora aluno.

Ainda em Sergipe, o escritor lançou o seu primeiro livro de poemas Minha Vida, minhas poesias no ano de 1990, indo morar na mesma época no Estado do Rio de Janeiro onde se graduou em Filosofia, Teologia, e Pedagogia, fazendo depois especializações em Estudos Literários, Ciências da Religião, bem como Filosofia Patrística e Medieval e também os cursos extensivos em Direito Canônico, Mariologia e Bioética. 

“(...) lecionou em vários estabelecimentos de ensino de Petrópolis e também na Cidade do Rio de Janeiro. Realiza conferências nos mais diversos estabelecimentos de ensino do Brasil e do exterior. Realiza viagens de intercâmbios internacionais -, notadamente no México, nos Estados Unidos e na Europa, especialmente em países de língua portuguesa. Sua produção jornalística tem ultrapassado fronteiras”. (BARBOSA Apud MENROD, 2013. p. 93). 

“É católico praticante, totalmente voltado às obras sociais, culturais e religiosas. Várias de suas crônicas têm sido publicadas em periódicos nacionais e internacionais, incluindo os de Petrópolis – Tribuna, Diário, dentre outros. Inúmeras são as antologias e revistas especializadas que dão ênfase a seus textos, pareceres, arrazoados e poesias. Na década de 1990 atuou e dirigiu várias peças no Teatro da Congregação Mariana, de cuja Instituição Religiosa é membro atuante e Benemérito.”. (BARBOSA Apud MENROD, 2013. p. 94 e seg.). 

A “Cidade Maravilhosa” proporcionou também ao autor conhecer importantes mestres da literatura brasileira, dentre eles, Darcy Ribeiro, Josué Montello, João Ubaldo Ribeiro e Ferreira Gullar.

Antônio Menrod publicou várias obras no campo literário, sendo as últimas até então, A Filha do Cardeal, peça teatral lançada no ano de 2013 e Stella, palmas para ela, Romance Infanto-Juvenil lançada em 2014. Trata-se de obras escritas com maestria em que a primeira mostra os atos de bom coração do Cardeal Dom Marcílio, revelando que a essência do texto defende a preservação da vida. Já na segunda obra, tende mais para a luta pelos sonhos, pela sobrevivência, e a morte precoce, mostrando a história comovente da personagem Stella Aquino. Quanto à construção poética ela demonstra ser variada, alguns tendem mais para o campo religioso, alguns para os amores, e outros para a exaltação das terras brasileiras.



Livros Publicados:

                                                          

* Minha Vida, minhas poesias (1990 – Poesia)

* Concepção de uma imaginação (1993 – Texto teatral)

* Baluarte da vida (1995 – Poesia)

* Palavras em cartaz (1996 – Poesia)

* Mistura fina (1997 – Texto teatral)

* Contemplação/Poesia teológica (1998 – Poesia)

* Sergipe, meu papagaio das asas douradas/Um conto de carnaval (1999 – Ensaio)

* Angelitude/Hermes Fontes, o poeta absoluto (2000 – Poesia)

* Primeira comunhão (2001 – Roteiro para microssérie)

* Monte Alegre (2002 – Romance)

* O crime da Praça da Liberdade (2004 – Romance)

* As dores do mundo (2005 – Contos)

* O oratório (2007 – Romance)

* Queima sangue (2010 – Romance)

* A Filha do Cardeal (2013 – Texto teatral)

* Stella, palmas para ela (2014 – Romance infanto-juvenil)

* Concepções de uma imaginação (2015)

* Lições de Missionariedade (2015)

  

Prêmios:

 

* Palavrador de Poesia

* Cultura e Arte São Paulo

* Inacep de Teatro

* Palavrador de Romance

* Prêmio Academia Petropolitana de Letras

* Prêmio Lions de Cultura

 

Distinções:

 

* Comenda Medalha Tiradentes

* Cidadão Trirriense - Decreto Legislativo da Câmara Municipal de Três Rios/RJ

* Cidadão Petropolitano - Decreto Legislativo da Câmara Municipal de Petrópolis/RJ

* Missionário da Paz da Aliança Ecumênica

* Gran Collar da Muy Noble y Augusta Orden de Santa María de los Buenos Ayres

* Doutor Honoris Causa pela a Fundação Educacional Missão Apostólica

* Doutor Honoris Causa pela a Universidad Humanitaria de las Américas

* Doutor Honoris Causa pelo o Instituto Patriarcal São Cipriano de Catargo

* Título de Barão de San Cirilo

* Medalha da Ordem do Mérito Bonário Príncipe de Tadmur

* Medalha Hermes Fontes

* Medalha Maçônica do Grande Oriente do Brasil

* Medalha da Ordem de São João Apóstolo

* Medalha Mérito dos Pacificadores Forças de Paz da ONU

* Medalha Ítalo Toldo

* Moção de Aplausos da Câmara Municipal de Petrópolis

 

AMOR DE PERDIÇÃO

 

Nada vai além destes dias infernais

assim como não consigo vê nada além de mim

através dos seus belos copos de cristais.

 

Maldita seja quem gerou Mendelim

foi ela que destruiu o sinal e roubou meus ais

e não assossegou até me levar a Furquim.

 

A única coisa boa era o amor pelos os animais

ela adorava os animais mas detestava Pe. Joaquim

também amava tomar banho com sais.

 

Levei a Mendelim para conhecer Boquim

ela ficou apaixonada pela cidade de fontes naturais

só queixou-se de ter dormido em colchão de capim.

 

CARAVANA BRASILEIRA DE CARNAVAIS

 

A multidão em móbile

Com carnaval nas veias

Desfilando em blocos multicoloridos

Homens e mulheres indefinidos.

Vejo o Galo da Madrugada em terreiro de Olinda

Correndo em frevo circular

Arrastando foliões com matracas nas mãos.

Na orla aracajuana

Haja fôlego pra brincar

Nada é tão estonteante e épico

Quanto o carnaval daquele lugar.

O Expresso de Salvador Arregaça a garganta de tanto cantar

É folia desinibida de sons inebriantes

Que atinge o alvo dos amantes.

Sampa que samba bem Também sambódromo tem

O brilho carnavalesco não fica a deve a ninguém.

No Rio dos apoteóticos carnavais

O Cordão da Bola Preta vai chutar

Banda de Ipanema vai pular

Cacique de Ramos vai apitar

Boitatá vai bombar

E na Sapucaí as Escolas vão desfilar.

 

AS HORAS DO TEMPO

 

Vejo os dias ultrapassando as horas

assim como uma onda quebrando o mar.

Vejo o apito do trem assobiando o seu sinal

na hora da partida da estação.

Vejo os carros desembestados

abrindo as ruas de farol fechado.

Vejo os aviões aterrissando

em fundo de quintal.

Vejo o que não vejo, vejo o que não digo

não sei se vejo o que sinto.

 

A EROSÃO

 

NO PÍER NÃO HÁ NAVIO ÂNCORADO, NÃO HÁ

EXISTE SOMENTE A SOLIDÃO TRANSFIGURANDA.

A SIRENE NÃO ANUNCIA À HORA DA PARTIDA

COM ISSO SE PERDE A HORA DA CHEGADA

E NADA SAI DA LÓGICA DA HORA MARCADA.

NO PORTO A SOLIDÃO COROI A EROSÃO

ESTRAÇALHA O CORAÇÃO

EM VER O MAR LEVANDO A QUEM SE AMA.

CHEGADA E PARTIDA, FEITO MORTE E VIDA.

 

FILHO DA SANTA

 

Maria,

vai com os outros

abre as pernas, finge o gozo

pra ganhar o pão nosso de cada dia.

Maria,

minha mãe, que não conhece meu pai

uma tarde, mesmo contra sua vontade

me pariu, não sentiu dor nem alegria.

Maria,

que com todos os homens da cidade fodeu,

posso até ser filho de um ilustre senhor

ou quem sabe, filho do pescador Estrela Guia.

Maria,

teve no corpo os males da profissão

sífilis e gonorréia lhe pegou de montão

se curava com ervas, depois voltava a ser vadia.

Maria,

hoje velha e cansada, vive em um cortiço

após anos de vida difícil,

sobrevive com uma mísera aposentadoria.

Maria,

está morrendo, nem o filho lhe visita

médico que se formou, com o dinheiro de Maria,

agora o filho da puta, renega os seus.

Que covardia!

Maria, também era filha de Deus.

 

 

REFERÊNCIAS: 

MENROD, Antônio. A filha do cardeal. Rio de Janeiro. Quártica Editora, 2013.

MENROD, Antônio. Stella, palmas para ela. Rio de Janeiro. Litteris Editora, 2014.

ORATÓRIO ANTÔNIO MENROD. Disponível em: <http://oratorioantoniomenrod.blogspot.com.br>. Acesso em 30 de dez. de 2014. 

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