Por: Allan de Oliveira.
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Constantino
Gomes de Souza nasceu no municÃpio de Estância no Estado de Sergipe em 18 de
setembro de 1825. É filho de José Maria Gomes de Souza e de Dona Maria Joana da
Conceição. Estudou as primeiras letras no Estado de Sergipe, concluindo em
Salvador (Bahia). Fez o Curso de Humanidades, e posteriormente, iniciou o Curso
de Medicina que fora concluÃdo no Rio de janeiro. Passa a exercer a profissão
de médico no Rio de Janeiro e na cidade em que nascera, e foi 2º tenente do
Corpo de Saúde do Exército. Além da profissão de médico, Constantino Gomes de
Souza foi redator das revistas “A Época Literária” (Bahia – 1849), “A Grinalda”
(Rio de Janeiro – 1861), e colaborador dos jornais baianos, “A Borboleta” e
“Crepúsculo” (1845-46), “Atheneu” (Bahia – 1849), e de jornais cariocas,
“Jornal do Comércio” (1852), “Semana Ilustre” (1873-74), e “Ilustração
Brasileira” (1877-78).
Devido a sua
fascinação por jogos de azar, Constantino Gomes de Souza, passa a ter uma saúde
precária e perde sua fortuna, chegando a falecer no Rio de Janeiro em 02 de
setembro de 1877. É considerado o primeiro autor romântico de Sergipe e o pai
da intelectualidade sergipana.
Sua carreira
literária é dividida através da produção de poemas, teatro e Romance. Escreveu
quatro livros de poemas, incluindo duas coletâneas; em torno de nove peças de
teatros, cinco Romances, e outros gêneros textuais.
FASES DA SUA OBRA
Fase Dramática
A fase
dramática de Constantino Gomes inicia-se com sua primeira peça, O Espectro da Floresta, publicada em
1856.
Grande parte
de suas peças foram encenadas no Rio de Janeiro no perÃodo em que ele ainda
vivia.
Fase da Prosa:
Constantino
Gomes publicou cinco Romances, sendo que os dois primeiros foram publicados em
livros, “O Desengano” (1871) e “A Filha sem Mãe” (Vol. I de 1873; Vol. II de
1877), e os três últimos, “O Grumete” (no perÃodo de 1873 a 1874), “Arycurama”
(no perÃodo de 1875 a 1876), “O Cego” (no perÃodo de 1879 a 1880) que foram
publicados em revistas do Rio Grande do Sul.
Bibliografia do autor:
Poesia:
* Prelúdios Poéticos. Bahia, 1848;
* Himnos da Minh’Alma. Rio de Janeiro,
1851.
Teatro:
* O Espectro da Floresta. Rio de Janeiro,
1856.
* Há dezessete anos ou A Filha do Salineiro.
Rio de Janeiro, 1860.
* O Enjeitado. Rio de Janeiro, 1860.
* Os Três Companheiros de Infância. Rio de
Janeiro, 1861.
* Vingança por Vingança. Rio de Janeiro,
1869.
* Dramas Inéditos: O Libertino, Ladrões
Titulares (Ladrões de Casaca), Gonzaga.
Romances:
* O Desengano (Romance brasileiro).
Niterói, 1871.
* A Filha sem Mãe. (Romance brasileiro).
Dois volumes. Rio de Janeiro, (Vol. I de 1873; Vol. II de 1877).
* O Grumete (Romance marÃtimo). Rio de Janeiro.
1873 / 1874.
* Arycurama. (Romance brasileiro). Rio de
Janeiro e São Paulo. 1875 / 1876.
* O Cego. (Romance brasileiro). Rio de
Janeiro. 1879 / 1880.
ADEUS À VIDA
Céus! Neste
abismo de horrores
Em que
desespero e gemo,
Julgava já
ter das dores
Atingido o
grau supremo.
Porém
mentira! A desgraça
Preparava
nova taça
De um
martÃrio novo, estranho...
Tenho
saudades, meu Deus,
Dos passados
males meus
À vista de
um mal tamanho!
Sob o céu
tempestuoso
Da minha
existência escura
Vi passar,
eu, desditoso,
Vi passar
como a figura
Se de anjo
ou mulher ignoro;
Mas passou
qual meteoro
E estendido
empós de si;
Por onde a
fulgir passou
Um sulco de
luz deixou
O anjo, ou a
mulher que eu vi.
Ou anjo ou
mulher que é dela?
Em que
abismo se sumiu,
Luz que
assim fulgiu tão bela,
Que tão
breve assim fulgiu?
Deus! O
mimoso clarão
Impresso na
negridão
Da minha
vida extingui,
Se é que eu
tenha de morrer
Sem que
torne mais a ver
O anjo ou a
mulher que eu vi!
No sepulcro
deste peito
Morto o
coração dormia:
Já todo em
cinzas desfeito
Nem dor, nem
prazer sentia.
Mas tu,
celeste visão,
Ao já morto
coração
Como dar
vida pudeste?
De Deus tu
não és, do mal
Tremendo
arcanjo infernal,
Donde tal
poder houveste?
Do inferno?
Poder sem fim
Satanás –
por Deus! Não tem;
De lá tanta
luz assim
Por Deus! Ao
mundo não vem.
O que és tu,
pois? Infinita
Ventura que
esta alma aflita
Sobre as
asas de um momento
No nada viu
se abismar
Para novo
fel tragar
De imenso,
imenso tormento.
Que aquele
sulco luzente
Que fulge na
negridão
Da minha
vida é serpente
Que leva-me
o coração
ContÃnuo,
atroz a roer!
Que envolve
todo o meu ser
Num limbo de
fogo eterno,
Luz que
deu-me a ver no céu
De um anjo a
face sem véu
Para
arrojar-me no inferno!
Se ainda
pudera eu vê-la
Ao menos um
só instante
Formosa,
mÃstica estrela
Nas trevas
da vida – errante!...
Feliz...
Feliz... Mas loucura...
Ainda
esperar ventura
Quem nasceu
para a desgraça,
E curvo ao
peso da sorte
Espera bem
cedo a morte
E a vida
gemendo passa!...
Tragando o
cálix das dores
Para que
viver? Não quero;
Só descanso
entre os horrores
Do sepulcro
e paz espero.
Do mundo
ilusões perdidas,
Esperanças
descaÃdas
No gelo do
desengano...
Luz de um só
instante, adeus!
Vão volver
os dias meus
Da
eternidade ao arcano.
REFERÊNCIA:
LIMA, Jackson da Silva. História da Literatura Sergipana. Vol. II. Fase Romântica. Aracaju,
Fundesc, 1986.