Por: Allan de Oliveira.
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Mário Cabral
nasceu em Aracaju/SE a 26 de março de 1914. Ele foi poeta, contista,
romancista, crítico literário, historiador, folclorista, ensaísta, e também
escreveu livros de memórias.
O autor
estudou no Atheneu Pedro II (antigo Colégio Estadual Atheneu Sergipense)
e se graduou em Direito em 1937 na UFBA.
Quando voltou
para a sua cidade de origem, o escritor trabalhou como advogado, professor, e
foi prefeito de Aracaju.
Em 1941,
ingressou na Academia Sergipana de Letras, fazendo parte também do Instituto
Histórico e Geográfico da Bahia e da Associação Brasileira de Escritores.
Fundou dois
jornais em Sergipe, sendo eles o Correio de Aracaju e o Sergipe
Jornal. Bem como a Revista Aracaju.
No ano de
1955, Mário Cabral foi morar definitivamente em Salvador/BA e lá dirigiu
o jornal Diário da Bahia, colaborando também em outros jornais do mesmo
Estado. No entanto, por ter sido sempre apaixonado por Aracaju, em seus poemas
existe a sergipanidade, característica importante para definir um autor
sergipano.
Em 2014, o
escritor foi homenageado pela FUNCAJU (Fundação Cultural Cidade de Aracaju),
devido à sua contribuição para a cultura, literatura, e política de Sergipe.
Mas, fora essa homenagem,
ele recebeu outra quando fora fundada uma biblioteca que leva o seu nome.
O autor escreveu
quase 20 livros, podendo-se destacar Roteiro de Aracaju, Aracaju,
bye bye, Cidade Morta, e Juízo Final. Mas, além dos seus livros, ele também
escreveu artigos em jornais e revistas
do Brasil, Chile, Peru e Estados
Unidos. Ademais a sua obra fora elogiada por importantes
intelectuais como Érico Veríssimo, Luís da Câmara Cascudo, Jorge Amado, Amando
Fontes, entre outros.
Mário Cabral
faleceu em 2 de abril de 2009, em Salvador por insuficiência respiratória.
VELHICE
Quando o octogenário
Chegou a Varig.
Notou, na recepção,
A mesma moça que já vira antes.
Uma pintura! Uma lindeza!
E o velho ficou parado,
Embevecido, contemplando-a,
Cheio de ternura e emoção.
Sentindo a sua presença
Ela ergueu os olhos azuis:
_ Deseja alguma coisa, senhor?
E ele disse apenas:
_ Não! Nada não! Desculpe...
E saiu triste e trôpego,
Deixando, ali, no balcão da Varig,
A imagem do seu último sonho...
***
E mais este soneto dedicado à praia de Atalaia:
Essa praia... esse mar... esse céu que me enleia...
Essas dunas, sonhando, à carícia da aragem...
Essas ondas, rolando, em franjas pela areia...
Essas nuvens, passando, em rebanho selvagem...
Em seu quimão de prata a lua é uma sereia
Que me traz, pelo azul, a mais linda mensagem...
Uma vela perdida, alvacenta vagueia,
Como um lenço do adeus decorando a paisagem...
Coqueiros a acenar... Canções em murmúrio...
A beleza da vida em tudo exuberando
No suave esplendor dessa noite de estio...
A dúvida, porém, de súbito me invade...
E mudo triste, quedo, eu fico palpitando,
Entre o ser e o não ser, entre o amor e a saudade.
REFERÊNCIAS:
Escritor Mário Cabral completaria 101 anos hoje. Disponível em: <https://www.aracaju.se.gov.br/index.php?act=leitura&codigo=64207>. Acesso em: 19 de out. de 2022
GILFRANCISCO SOBRE MÁRIO CABRAL. Disponível em: <http://sergipeeducacaoecultura.blogspot.com/2008/02/gilfrancisco-sobre-mrio-cabral.html>. Acesso em: 19 de out. de 2022
MÁRIO CABRAL. Por: Tânia Menezes. Disponível em: <https://www.recantodasletras.com.br/artigos/2022518>. Acesso em: 19 de out. de 2022