LÍDIO DA COCADA – Figura popular

(Lídio da Cocada de Aracaju/SE)

 

Por: Allan de Oliveira.

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Biografia

 

Lídio dos Santos, conhecido popularmente como “Lídio da Cocada” nasceu a 29 de dezembro de 1915, no município alagoano de São Brás, sendo filho de Seu Marcionílio Messias dos Santos e de Dona Maria Francisca dos Santos. Ainda garoto e na companhia dos pais e das 3 irmãs, ele segue para o povoado de Lagoa Comprida (AL) até chegar a residir fixamente em Sergipe morando, primeiramente, em Propriá, quando Lídio estava com 7 anos de idade.

Nessas viagens a família, por ser bastante humilde, viajava de canoa e dormia ao relento, trabalhando cortando lenha, pescando, vendendo alimentos em feiras livres, e fazendo também outros “biscaites”.

As irmãs de Lídio passaram a trabalhar em fábricas de tecido e ele aos 14 anos também entrou no ramo, trabalhando na antiga fábrica Sergipe Industrial quando a família veio residir em Aracaju após a mãe precisar se operar no Hospital Cirurgia.

Sofrendo perseguição de superiores na fábrica, o adolescente sentiu na pele a situação insuportável e resolveu trabalhar por conta própria. Tentou vários “biscaites” que não deram certo até voltar a pescar, mas ele não queria que os filhos seguissem o mesmo rumo que ele. Sendo assim, resolver vender doces.

Com o passar dos anos sua ideologia passou a ser baseada nas ideias comunistas e de Esquerda, sendo uma pessoa muito preocupada com os mais pobres da sociedade e um defensor da causa operária. E no livro Evangelho: Sopro de Vida, Lídio dos Santos desabafa dizendo que foi explorado, juntamente com sua família por patrões que se diziam religiosos e na página 3 do livro podemos ler o seguinte trecho: “(...) tenho consciência de que fui explorado – junto com os meus pais e três irmãs –, por patrões desalmados que nos obrigavam a trabalhar de sol a sol, semi-nus e subnutridos”. (SANTOS, p. 3)

Na “casa” dos 20 anos ele se envolveu com o PCB (Partido Comunista Brasileiro) e passa a defender a luta pelos direitos dos trabalhadores, sendo até citado por Luís Carlos Prestes como um dos nomes importantes da luta operária. É perseguido pela polícia a mando da elite sergipana da época por ser considerado um agitador das massas populares em meio a manifestações e passeatas, chegando a apanhar da polícia e preso juntamente com os seus companheiros comunistas.

“Aqui em Aracaju, no governo de José Rollemberg Leite, o fascismo imperava com os seus tentáculos alcançando também o interior do Estado”. (SANTOS, p. 29)

Com o Golpe de 1964, Lídio da Cocada, juntamente com a família, foge para o Rio de Janeiro e só retorna a Sergipe após a Lei de Anistia de 1979 que foi assinada pelo presidente João Figueiredo.

“No dia 31 de março de 1964 fui obrigado, como centenas de outros companheiros, a fugir da repressão que se instalara no país, através da ditadura militar. Mas consegui resistir e, 37 anos depois, continuo vivo e com saúde, lamentando apenas o fato de saber que vou morrer sem ver todos os cidadãos com seu pedaço de terra para dali poder tirar o seu sustento e o de sua família”. (SANTOS, p. 29)

 

(Golpe Militar no Brasil)

 

Ele se tornou bastante conhecido em Aracaju/SE por sair vendendo suas cocadas pelas ruas e declamando rimas humorísticas para atrair a freguesia, rimas essas que chamavam a atenção das pessoas na cidade.

Aos 85 anos publicou o seu livro Evangelho: sopro de vida no qual Lídio Santos comenta um pouco sobre a sua juventude e desabafa a sua indignação voltada para a desigualdade social.

Ele faleceu aos 99 anos em 2015.

 

Abaixo segue alguns trechos das suas infinitas rimas declamadas na rua:

 

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Sou vendedor de cocada

Gritando todo santo dia

Tem da branca e da preta

Alô, como vai, dona Maria?

 

Uma pula pra frente

A outra não quer pular

Uma morreu de fome

Por não querer trabalhar.

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Amigo falar é fôlego

Realizar é uma dureza

Bom mesmo é ter saúde

E muita comida na mesa.

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Desse jeito vou levando a vida

Muito obrigado, irmã do peito

Quando estou sem um real

Você sempre dá um jeito.

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Veja como a cocada é boa

Ela é gostosa e macia...

Faço na calada da noite

Pra vendê-la durante o dia.

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OBRA LITERÁRIA

Evangelho: Sopro de Vida

 

REFERÊNCIA

Grupo minha terra é Sergipe: Lídio Santos (Lídio da Cocada). Disponível em <http://grupominhaterraesergipe.blogspot.com/2015/06/lidio-santos-lidio-da-cocada.html>. Acesso em: 22 de jul. de 2021. 

SANTOS, Lídio. Evangelho: Sopro de Vida. Aracaju. Funcaju, 2001.

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